METRÓPOLES
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da investigação do inquérito das fake news.
Bolsonaro afirmou que Moraes é a “mentira em pessoa” e que Barroso “mente descaradamente”. Esse é mais um capítulo dos sucessivos embates entre Bolsonaro, Judiciário e Justiça Eleitoral. No centro da crise está a segurança das urnas eletrônicas – criticada pelo chefe do Palácio do Planalto – e a defesa da volta do voto impresso.
As declarações foram dadas em entrevista à Rádio 93 FM Gospel, do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (5/8) – veja a íntegra no fim da reportagem.
Bolsonaro reclamou que o ministro Alexandre de Moraes “acusa todo mundo de tudo para fazer operações”. E ameaçou o magistrado.
“A hora dele vai chegar. Ministro arbitrário, ditatorial, que aplica a lei para agredir a democracia e para atingir os seus objetivos. Ele me colocou como réu naquele inquérito fake news. Ele é a mentira em pessoa dentro do STF”, criticou.
Na quarta-feira (4/8), Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro na investigação para apurar a disseminação de notícias falsas. A decisão ocorreu após pedido de Barroso, chefe do TSE, e foram motivadas pelos repetidos ataques do chefe do Executivo às eleições e ao voto eletrônico
Ataques a Barroso
Irritado, Bolsonaro voltou a criticar a postura de Barroso e questionou a condução do ministro à frente do TSE.
“Toda vez que alguém entra no computador ele deixa rastros. Tudo o que esse hacker fez, ele deixou rastros. Com o inquérito, o que o TSE fez? Apagou os ‘logs’ [que são os dados do hacker]. Obstrução da Justiça, é crime. O TSE apagou todas as pegadas do hacker. Não existe mais acreditar no Barroso dizendo que as urnas são blindadas, é mentira! Mente descaradamente! O papel não vai para as mãos dos eleitores, dentro da sala eleitoral”, frisou.
Durante a entrevista, o presidente defendeu a impressão do voto como uma medida para garantir a lisura das eleições e citou uma possível fraude, já desmentida pelo TSE, na disputa entre a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), no pleito de 2014.
“A urna não é aditável. Temos dois laudos, a Polícia Federal dizendo isso, ela não é aditável. O que você vê no final de uma apuração é que se você apertar o botão pra recontar, vai dar exatamente o mesmo número. Peritos internacionais foram contratados pelo PSDB”, afirmou.
Bolsonaro continuou: “Queremos voto democrático, transparência, saber que o voto vai para o candidato que você votou. Fiz live semana passada e o TSE rebatia a gente em tempo real, com fake news”, provocou.
Ele ainda defendeu o Brasil adotar o modelo de urna paraguaio. “Devemos colocar urnas adotadas no Paraguai, iguais as nossas, mas que tem um plug para impressora, você não bota a mão no papel. Contagem pública dos votos. Por que o Barroso joga todas as fichas contra esses votos? Obviamente que tem algum interesse”, finalizou.