02 de Março de 2022, 09h:39 - A | A

Nacional / PREÇO DA GUERRA

Rússia x Ucrânia: preço do petróleo tem maior alta em sete anos

Países liberam reservas e empresas recusam óleo russo

AGÊNCIA O GLOBO



A escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia atingiu em cheio o mercado de petróleo. As sanções impostas pelo Ocidente ao governo de Vladimir Putin tentaram deixar de fora os setores de óleo e gás, uma vez que o país é responsável por 7,5% das exportações mundiais. Mas não foi o que se viu ontem. A cotação do Brent subiu 7,14%, para US$ 104,97 o barril, no contrato em maio, a maior alta em sete anos.

A Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou a liberação de 60 milhões de barris de petróleo que fazem parte da reserva estratégica dos EUA e de outros países para evitar a escalada de preços, mas a ação não surtiu efeito. Foi a quarta vez na História que uma ação articulada pela AIE foi adotada para elevar a oferta de óleo. A última havia sido em 2011, durante a guerra civil na Líbia.

“A situação no mercado de energia é muito séria e exige nossa total atenção”, disse Fatih Birol, diretor da AIE em declaração no site da instituição. “A segurança energética global está sob ameaça, colocando a economia global em risco durante fase frágil de recuperação”. A disparada do preço da commodity deve provocar aumento da inflação nos países que compram o produto, ameaça a recuperação da economia e piora do custo de vida.

Segundo relata o Wall Street Journal, em um sinal de que a turbulência no mercado deve continuar, refinarias ontem se recusaram a comprar petróleo russo e os bancos se negaram a financiar a operação. Citando depoimentos de banqueiros, executivos e comercializadores, o jornal afirma que o temor é entrar em conflito com as diferentes regras previstas nas sanções ao país ou que o petróleo seja o próximo passo no cerco financeiro ao governo de Vladimir Putin

Compradores já enfrentam dificuldades com pagamentos e disponibilidade de navios devido a sanções, com a BP cancelando o carregamento de óleo combustível de um porto russo do Mar Negro.

Ao menos duas grandes comercializadoras não conseguiram fechar contratos ontem envolvendo petróleo de Moscou, diz o WSJ. Segundo analistas, por ora, o país segue exportando o mesmo que antes da guerra, mas a tendência é de queda no fluxo adiante uma vez que as remessas tenham sido entregues. O comportamento representa uma reviravolta, à medida que União Europeia e EUA adotaram medidas para deixar de fora petróleo e gás das sanções.

Preço-alvo de US$ 115

A Rússia exporta de 4 milhões a 5 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 2 milhões a 3 milhões de produtos refinados. Analistas ponderam que a Rússia poderia reduzir a oferta de petróleo como forma de responder às sanções, o que colocaria pressão sobre os preços. O banco Goldman Sachs divulgou relatório estimando que o preço-alvo para o petróleo subiu para US$ 115 por barril no curto prazo.

Para Shin Lai, analista da Trígono Investimentos, a ação coordenada pelos EUA para liberar reservas pode frear um pouco a alta, mas não vai inverter a tendência de elevação dos preços:

"A Rússia, que faz parte dos países exportadores, pode reduzir sua oferta de petróleo usando essa ação como resposta às sanções financeiras do Ocidente e a retirada dos bancos russos do sistema Swift. E os países ocidentais podem passar a comprar mais petróleo da Arábia Saudita, mas vão pagar mais caro pelo produto."

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