CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
A menos de um ano das eleições de 2022, o tabuleiro político de Mato Grosso tem mantido os olhares atentos às composições do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Isso porque sua chegada ao Partido Liberal, oficializada no mês de novembro, modifica quase completamente o cenário local. E, na visão do jornalista e analista político Onofre Ribeiro, o apoio de Bolsonaro é um prestígio que não dá para ser ignorado.
Onofre destaca que foi na corrida pela única vaga ao Senado onde a maior reviravolta foi observada até o momento. Pela vaga, já eram pré-candidatos antecipados os deputados federais Neri Geller (PP), José Medeiros (Podemos) e o atual dono, senador Wellington Fagundes (PL).
Até o mês de outubro, Neri era considerado o candidato mais forte, em razão do apoio do ex-ministro e ex-senador Blairo Maggi (PP), e de possível apoio do governador Mauro Mendes (DEM). No entanto, a filiação de Bolsonaro ao PL já indica um comprometimento do presidente com a candidatura do correligionário, elevando a campanha de Wellington a outro patamar.
“Você vê que o Wellington Fagundes, que teve cinco mandatos de deputado federal e está terminando o de senador, foi se agarrar no Bolsonaro, porque ele sabe que é um prestígio e um apoio que não se pode ignorar. O Neri tentou também o apoio do presidente e não deu certo. O José Medeiros está desesperadamente tentando, mas parece que o Bolsonaro já se comprometeu com Wellington. E por que tudo isso? Porque o apoio dele é muito decisivo”, observa o analista.
Sobre a disputa pela atenção do presidente, Onofre ainda comenta a posição de José Medeiros, que era o principal nome de Bolsonaro em Mato Grosso. Em sua avaliação, o deputado não soube se posicionar e não conseguiu construir peso político para se manter na corrida.
O analista também aponta que, entretanto, o apoio de Bolsonaro a um candidato do Senado também impacta na eleição ao governo, e projeta que Mato Grosso terá pelo menos dois grandes palanques na disputa ao governo estadual.
A análise é feita considerando que a candidatura ao Senado é sempre acompanhada de outra para o Paiaguás. Nesse sentido, Onofre vê como forte possibilidade um recuo de Neri para compor como vice-governador na chapa de Mauro Mendes.
“Para o Neri, só resta o Mauro. Dependendo do acordo que fizerem, se o Mauro decidir a candidatura, vai ser um grande negócio ser vice dele, porque no final do mandato ele sai para disputar um Senado, talvez, e o vice assume e viabiliza a reeleição”, avalia.
Onofre finaliza destacando que, apesar das conjecturas, o cenário político de 2022 ainda é incerto e depende de muitas variáveis, como, além das movimentações políticas, o cenário econômico. Ele ainda afirma que apenas nas convenções partidárias, em abril, é que o jogo será melhor definido.