05 de Setembro de 2021, 12h:15 - A | A

Poderes / "MUITO DISCURSO"

Analista: Comunidade internacional teme golpe, mas manifestações não vão dar em nada

Para o professor João Edisom Souza, manifestações são cortinas de fumaça e não têm força para provocar rompimento nas instituições

CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO



O clima de tensão diante dos discursos pró-governo e anti-instituições que se intensificam há algumas semanas no Brasil tem gerado expectativa e apreensão em relação às manifestações programadas para o dia 7 de setembro. Enquanto a comunidade internacional acredita na possibilidade de um novo golpe político, com um rompimento entre os três Poderes, o analista político João Edisom Souza acredita que tudo não passa de narrativas.

“Essa questão de dizer: ‘vai ser um golpe, não sei o que tem’, é uma jogada política de oposição, e essa outra questão de dizer: ‘olha, vamos tomar o STF, vamos dar um golpe’ é uma jogada de situação”, avaliou. “Não passa de jogada de palavras. A gente não adivinha o futuro, mas eu confesso que eu não espero muita coisa, não”, completou.

O dia da independência do Brasil, que já é, historicamente, marcado por manifestações, tem sido “aguardado” por parte da população como um divisor de águas em relação ao governo Jair Bolsonaro (sem partido).

Do lado dos apoiadores, há os que acreditam na saída de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) após as manifestações. Do outro lado, há quem acompanha apreensivo a possibilidade de embates, temendo uma “guerra civil”.

Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, João Edisom diz que, apesar disso, não há tendência que aponte que as manifestações sejam violentas ou mesmo que tenham forças suficientes para provocar essa instabilidade no Supremo.

“Tem muita gente alarmista falando em golpe. Tentativa, pode ser, mas força não tem. É uma coisa muito de brasileiro, faz um auê danado e, quando chega na hora da briga, dói o pé, dói a cabeça e sai para o lado. Não faz parte da nossa cultura. Então, eu não acredito que nós vamos fazer um movimento”, avaliou.

O professor ainda ponderou que as manifestações têm duas finalidades: servir de cortina de fumaça para os escândalos que estão sendo apresentados na CPI da Covid, movida no Senado, e, ao mesmo tempo, medir a força de Bolsonaro para as eleições de 2022. No meio disso, ele apontou que grande parte da população não passa de “massa de manobra”.

Apesar do olhar atenuante do analista político, a comunidade internacional acompanha apreensiva as notícias relacionadas ao 7 de setembro. Nesta semana, a Embaixada dos Estados Unidos emitiu um alerta para os americanos que estão no Brasil, orientando que, no período das manifestações, evitem sair de casa.

João Edisom reconheceu, porém, que, no exterior, a imagem é que as manifestações programadas deverão promover o rompimento das instituições, assim como há muitos no Brasil que acreditam na força desses atos. Ele ainda observou que há uma grande probabilidade de que o temor se reflita no mercado financeiro na segunda-feira (6).

“A imagem no exterior é que 7 de Setembro é uma tentativa de golpe do presidente, porque o Brasil é formado por três poderes e o 7 de setembro seria a destruição de um dos poderes, que seria o Judiciário. E onde não há Justiça não há segurança jurídica. Então todos os países com quem nós temos relações comerciais estão preocupados hoje. Para quem, lá de fora, tem contrato com empresas brasileiras, qualquer conversa assusta”, disse o analista.

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Gustavo Garces Elger 05/09/2021

João edisom foi meu professor, nesta matéria está coberto pela razão, aliás, como sempre. Nunca vi da boca dele sair outra coisa senão a verdade. Pessoa está pela qual tenho grande apreço. Parabéns pela matéria professor.

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