04 de Outubro de 2022, 09h:00 - A | A

Poderes / BOLSONARO X LULA

Analista sobre erros absurdos: Institutos de pesquisas vão ter que se explicar

APARECIDO CARMO
DO CONEXÃO PODER



m avaliação, a pedido do RepórterMT e Conexão Poder, o analista político João Edisom de Souza, comentou sobre o grande erro dos institutos de pesquisa, que nacionalmente mostraram durante toda a campanha, que Lula (PT) seria eleito presidente da República no primeiro turno, já que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria uma votação bem abaixo do que ocorreu neste domingo (02), deixando clara a falha das pesquisas. Para João Edisom os institutos erram nos maiores colégios eleitorais do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. E não foi um erro só do Datafolha e do Instituto Ipec, mas dos cinco maiores institutos de pesquisa do país.

“Todos os institutos colocavam o Haddad na frente do Tarcísio. Foi o inverso e com uma diferença significativa. Como o Estado de São Paulo é o mais populoso, com a maior densidade de eleitores, isso refletiu no resultado nacional”, explica.

No caso do Rio de Janeiro, os institutos também não conseguiram captar a tendência de voto em Cláudio Castro (PL), que acabou reeleito em primeiro turno, quando as pesquisas indicavam segundo turno com Marcelo Freixo (PSOL). No Rio Grande do Sul, as pesquisas apontavam favoritismo do ex-governador Eduardo Leito (PSDB), mas quem ficou em primeiro lugar foi Onyx Lorenzoni (PL).

 

 

A dificuldade de captar a intenção de votos dos eleitores nesses grandes centros, explicou o analista, influenciou diretamente o resultado da eleição presidencial, justamente porque concentram grandes colégios eleitorais.

 

 

Um outro exemplo citado por João Edisom é o estado de Mato Grosso do Sul, onde as pesquisas também erraram: o favorito segundo as pesquisas eram André Puccinelli (MDB) e Eduardo Riedel (PSDB). Contudo, o mais votado foi o candidato Capitão Contar (PRTB), para quem Jair Bolsonaro pediu votos no debate da TV Globo. Só que no caso de Mato Grosso do Sul, como o número de eleitores é menor, não influenciou tanto os resultados da pesquisa nacional.

 

 

 Como é feita uma pesquisa eleitoral?

João Edisom explica que os institutos sérios precisam construir um mapa amostral do país, para saber quantas pessoas precisam ser ouvidas em cada estado. E, em seguida, são feitos os mapas de cada uma das unidades da federação. O Instituto Ipec, por exemplo, acertou os resultados de 20 estados, teve erros dentro da margem e três grandes erros em SP, RJ e RS.

O Datafolha, por sua vez, acertou 21 estados, mas errou grandemente nos mesmos estados que o Ipec. Os outros três grandes institutos também tiveram resultado semelhante.

Uma forma de tentar captar a decisão de última hora do eleitor e que inclusive ajudaria a explicar a discrepância entre as pesquisas e os resultados, seria por meio da pesquisa de boca de urna. Só que ela não foi realizada este ano, entre outras coisas, porque com o horário de votação unificado em todo o país, acreditava-se que os resultados sairiam mais rápido.

Sem o comparativo da pesquisa de boca de urna, os institutos vão ter mais dificuldade de explicar o que aconteceu.

“Como não houve a pesquisa de boca de urna não sei como vai ficar a questão da explicação, porque vai ficar nas suposições e análises”, conclui.

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