JOÃO AGUIAR
DO CONEXÃO PODER
Com o anúncio de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se recusou a prorrogar a medida que isenta o pagamento de PIS e Cofins sobre os combustíveis, dois tributos federais, criou-se a dúvida do que o Governo Federal irá fazer para manter o preço da gasolina baixo ou se vai deixar passar dos R$ 6 novamente, como apontam as previsões.
O Repórter MT conversou com o economista Vivaldo Lopes, que analisou que seria "mais prático" para o Governo e para a sociedade mudar a política de preços da Petrobras e não tirar tributos federais da gasolina.
“Durante a campanha inteira, o presidente Lula afirmou que essa política de preços da Petrobras, de vincular [o valor do combustível] apenas ao preço internacional, é cruel e perversa. Então, se espera que ele vá alterar essa politica de preços. Eu acho que vai voltar a ser como nos governos anteriores dele, uma politica de preços híbrida, em que maior parte do valor vai depender dos custos nacionais de operação da Petrobras e uma pequena parte dependendo do preço internacional”, explica.
Ainda segundo ele, uma das alternativas que o petista pode fazer é manter os impostos federais sobre a gasolina, mas com uma tributação “mais leve". “Na minha leitura, os tributos federais poderiam continuar isentos sobre diesel, gás natural e gás de cozinha e ter uma tributação não tão alta sobre a gasolina. Essa é a minha observação. Dá para suportar ter uma tributação mais leve”, analisa.
Vivaldo salienta ainda que a manobra de reduzir o PIS e Cofins sobre os combustíveis foi eleitoreira. “A isenção atribuída pelo Paulo Guedes e pelo [presidente Jair] Bolsonaro (PL) termina no dia 31 de dezembro de 2022. Ela já vai terminar, não estava no radar de ninguém continuar em janeiro, nem do Lula e nem do Bolsonaro”, afirma.
“A isenção foi dada para vencer até 31 de dezembro. Creio que não vai prorrogar mesmo, creio que vai alterar a política de preços da Petrobras. É uma isenção eleitoreira, pois foi feita para terminar em 31 de dezembro”, complementa.
O economista ainda contrariou a análise feita pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo) de que o preço dos combustíveis já deva aumentar na segunda-feira (02). Ele acredita que isso só aconteça em fevereiro.
“Sobre os efeitos, não dá para afirmar categoricamente que a gasolina vai aumentar, porque depende se a Petrobras vai repassar esse aumento tributário imediatamente para o preço da gasolina. Eu entendo que ela não vá fazer isso logo de cara. Porque nos últimos meses, tanto o preço internacional do petróleo caiu, quanto a variação do dólar está caindo também.”
“No mínimo eles vão esperar os dois primeiros meses, para dar tempo da nova direção da Petrobras promover a alteração de politicas de preços da companhia”, analisa