DO CONEXÃO PODER
A ex-vereadora Edna Sampaio (PT) desistiu da candidatura a vereadora na eleição deste ano em Cuiabá. A decisão foi oficializada nesta terça-feira (17), após uma série de derrotas na Justiça Eleitoral, que mantém o entendimento de que ela está inelegível por ter tido o mandato cassado em junho deste ano.
Essa movimentação pode estar relacionada à preocupação que uma eventual decisão judicial anulando os votos em Edna Sampaio poderiam prejudicar o projeto do PT para a Câmara Municipal. Historicamente, o partido tem uma cadeira no Legislativo municipal. A situação de Edna poderia levar a perda desse assento.
Apesar de oficialmente ter abandonado a candidatura, Edna segue sendo parte de uma candidatura de mandato coletivo. Só que dessa vez, ao invés de ela ser a titular, esse papel vai ser desempanhado pela estudante universitária Daiely Cristina, a “Day”. Outra integrante do grupo e a jornalista Neusa Baptista.
As candidaturas coletivas passaram a ser permitidas na eleição de 2022. Na prática, o mandato é dividido entre várias pessoas, sem hierarquia e com as decisões sendo tomadas de forma colegiada.
Em artigo publicado nas suas redes sociais e no seu site, se vitimizou e disse que entra para a História “como alguém que nunca abriu mão de sua dignidade”.
“Não vou desistir de lutar para ter meu nome nas urnas, vencer e fazer justiça! Não vou aceitar passivamente essa violência, mas também não vou me destruir por isso”, escreveu.
A ex-vereadora destacou ainda que os negros já são “derrotados desde a escravidão” e que a novidade “é a gente ganhar, é a gente ser Edna Sampaio”.
Por fim, diz que o poder constituído no Brasil é “racista e misógino”, mesmo assim, ela que se diz vítima de violência, afirma que não vai desistir e que confia na Justiça.
A cassação
Edna Sampaio foi cassada depois que vieram à tona acusações de que ela obrigou sua ex-chefe de gabinete, Laura Abreu, a devolver a verba indenizatória que recebia como parte do seu salário para uma conta controlada por Edna Sampaio.
Revelações da imprensa mostraram que o marido de Edna, Willian Sampaio, agia como cobrador, mandando mensagens para que Laura não esquecesse de fazer as transferências.
Isso durou pelos quatro meses em que Laura trabalho no gabinete de Edna. A Verba Indenizatória era de R$ 5 mil, de modo que foram devolvidos à então parlamentar R$ 20 mil.
Laura Abreu, que é uma mulher preta, pobre e periférica, foi demitida durante a gravidez, o que levou a Câmara Municipal a ser obrigada a pagar uma indenização de R$ 70 mil para ela. Em depoimento à Comissão de Ética do Legislativo, Laura disse que foi demitida porque Edna acreditava que a gestação iria atrapalhar o seu desempenho na função.
Edna nega.
A vereadora cassada diz que o dinheiro que Laura era obrigada a devolver deveria ser usado para custear as despesas do gabinete. Contudo, não existe nenhuma lei que diga isso. Tanto, que Edna tentou apresentar projeto de lei para tornar legal aquilo de que ela era acusada. Não colou.
Edna foi cassada e está inelegível.