EUZIANY TEODORO
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Nilton Borgato, preso na Operação Descobrimento, da Polícia Federal, era chamado de “Índio” dentro da organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas, entre Brasil e Portugal. Segundo as investigações, Borgato compunha o primeiro escalão da quadrilha.
A Polícia Federal levou meses para provar que “Índio” e Nilton Borgato eram a mesma pessoa. Por causa disso, em fevereiro, chegou a ser negado pedido de prisão preventiva contra ele. Já no dia 11 de abril deste ano, ficou comprovada a identidade, segundo consta em decisão da Justiça Federal da Bahia.
“Em sua rede social (Facebook), o investigado Nilton Borgato indica o número de sua linha telefônica como sendo (65) 8...1. Esse mesmo número, segundo informações da Operadora VIVO, encontra-se registrado no nome e CPF de NILTON BORGES BORGATO. Trata-se de uma prova extremamente relevante, indicadora de que NILTON BORGATO e ÍNDIO são, na verdade, uma só pessoa”, escreveu a PF, em novo pedido de prisão.
Além disso, o mesmo número de telefone mantinha contato constante com os demais membros da organização criminosa, especialmente o lobista do VLT em Mato Grosso, Rowles Magalhães, apontado como chefe da quadrilha.
Ficou comprovado, durante as investigações, que Borgato era a ponte entre o fornecedor da cocaína, que vinha em grande parte do Paraguai, e a quadrilha, que levava a droga para Portugal.
“Dentre os novos investigados, surgiu o nome de NILTON BORGES BORGATO, vulgo ÍNDIO, integrante do primeiro escalão da organização criminosa ora investigada, e que, atualmente, ocupa o cargo de Secretário de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Mato Grosso (fevereiro/2022). Nilton Borgato, supostamente, faz parte do núcleo investigado responsável pela aquisição da droga junto ao fornecedor, e introdução da mercadoria na Europa”, consta nos autos.
Além do tráfico de drogas, de acordo com a Polícia Federal, Nilton também participou da venda ilegal de produtos relacionados à Covid-19, em parceria com Rowles Magalhães e sua namorada, a doleira Nelma Kodama, e uma terceira pessoa, Ricardo Agostinho.
“De acordo com as investigações, precisamente da leitura do teor dos dados telemáticos, Nilton atuou, juntamente com ROWLES, KODAMA e RICARDO AGOSTINHO, no comércio de produtos da COVID-19, como respiradores, máscaras e testes. Segundo a PF, seu apelido dentro da ORCRIM é ÍNDIO, e em conluio com os demais integrantes, também atuou diretamente no tráfico de internacional de entorpecentes.”
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Prisão em Cuiabá
A Polícia Federal cumpriu mandado de prisão preventiva contra Nilton Borgato em Cuiabá, no bairro Jardim Aclimação, nessa terça-feira (19). Embaixo da cama dele, foram encontradas dezenas de diamantes e outras pedras preciosas, além de dólares e reais. No total, foram U$S 4 mil e R$ 29,3 mil.
No mesmo dia, ele passou por audiência na Justiça Federal e foi levado para o sistema prisional, sendo mantida a prisão preventiva.
Operação Descobrimento
De acordo com a PF, as investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador/BA para abastecimento.
Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
A Justiça brasileira também decretou medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.
Ao todo, 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco.