APARECIDO CARMO
DO CONEXÃO PODER
O ex-assessor do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) Neri Geller (Progressistas), Robson Luiz de Almeida França, é dono de uma empresa que fez a corretagem de grãos para as empresas que apresentaram três das quatro propostas vencedoras do leilão de arroz importado, realizado na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além disso, ele também é sócio de Marcelo Piccini Geller, filho de Neri, em outra empresa. Por conta desse possível conflito de interesses, o leilão foi anulado pelo Governo Federal nesta terça-feira (11) e Neri Geller foi exonerado do cargo.
Robson Luiz de Almeida França, trabalhou como assessor no gabinete de Neri entre 2019 e 2020, quando ele foi deputado federal por Mato Grosso. Em agosto de 2023, Robson e o filho de Neri, Marcelo Piccini Geller, abriram a empresa GF Business.
Antes disso, em 29 de maio de 2023, Robson abriu outras duas empresas, a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos. Passado um mês, o governo anunciou a retomada da política de formação de estoques e a intensificação de operações de comercialização agrícola, que havia ficado paralisada por seis anos.
Outra coincidência é que o servidor responsável pela realização de leilões na Conab, Thiago dos Santos, havia sido indicado por Neri Geller para o cargo de Diretor de Operações e Abastecimento da Conab. Antes disso, ele atuou no gabinete de Geller, entre 2019 e 2023, o que indica que ele chegou a trabalhar com Robson Luiz de Almeida França.
O posicionamento oficial da Conab é que a situação de Thiago dos Santos dentro da companhia será analisada posteriormente.
A demissão de Neri Geller foi uma tentativa de evitar que o caso ganhasse ainda mais repercussão, principalmente depois que a oposição começou a se movimentar para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Internamente havia a preocupação de que o caso causasse danos à imagem do governo.
Ao todo, o governo havia liberado a importação de 263 mil toneladas de arroz do exterior ao valor de R$ 1,3 bilhão. A decisão de importar arroz veio pela preocupação de que a crise climática registrada no Rio Grande do Sul pudesse afetar o mercado interno.
As empresas controladas por Robson Luiz de Almeida França intermediaram a venda de 44% do arroz importado. As empresas faturariam comissões de corretagem em cima dos valores negociados no leilão.