DAFFINY DELGADO
DO CONEXÃO PODER
A vereadora Edna Sampaio (PT), investigada na Câmara Municipal de Cuiabá por suposto esquema de "rachadinha" de Verba Indenizatória de sua ex-chefe de gabinete, Laura Abreu, criticou, em coletiva na tarde desta segunda-feira (21), a atuação da Comissão de Ética. Segundo ela, os vereadores membros defenderam o tenente-coronel Marcos Paccola, que perdeu o mandato após o homicídio do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, enquanto com ela existe uma "perseguição por ser mulher negra".
Paccola foi denunciado dentro do Legislativo Municipal pela própria Edna, por quebra de decoro após matar a tiros o agente socioeducativo, durante uma confusão na frente de uma distribuidora na Capital, em 2022.
Segundo a vereadora, durante o processo em que Paccola respondeu na Comissão de Ética, ele recebeu o apoio de vários colegas, entre eles, os vereadores Michelly Alencar (União Brasil) e Dilemário Alencar (Republicanos), que hoje apontam que Edna quebrou o decoro parlamentar ao se apropriar da verba indenizatória da chefe de gabinete, que foi demitida quando estava grávida.
“O Paccola teve defesa. O próprio Dilemário, que foi o artífice da acusação aqui nas reuniões da comissão, estava lá durante o processo na comissão defendendo o Paccola. A Michelly Alencar, que também é junto com o Dilemário, também estava lá na sessão defendendo o Paccola”, declarou.
Edna lembrou que o ‘companheirismo’ entre eles acabou após a Polícia Civil indiciar Paccola pelo crime de homicídio qualificado do servidor, derrubando a tese defendida até então pelo ex-vereador, de que o disparo teria sido em legítima defesa.
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"Isso é racismo. Sabe por quê? O racismo aponta pras pessoas negras uma criminalidade, independentemente de culpa. Num momento, eu era uma pessoa privilegiada que não precisava do salário da Câmara Municipal e saiu nos jornais isso. No momento seguinte, eu já sou a 'trombadinha' que subtraiu da minha chefe de gabinete 5 mil reais. Ou seja, é uma forma de atribuir a um corpo negro, que ocupa um espaço sem direito à defesa, uma prática ilícita."
Questionada se o caso poderia ser alguma forma de retaliação por conta da denúncia feita por ela contra Paccola, que resultou na cassação do mandato, a vereadora não descartou.
"Se é uma retaliação em relação ao Paccola, eu não sei. Eu só sei que o que aconteceu é algo que não pode se repetir nessa casa", concluiu.
O que diz a lei:
A lei municipal 6.628/2021, que disciplina o recebimento da verba indenizatória pelos chefes de gabinetes da Câmara Municipal de Cuiabá, diz expressamente que o dinheiro para uso do servidor que exerce o cargo. (veja a baixo)
Isso porque o dinheiro serve para custear despesas excepcionais do servidor em atendimento de demanda nas comunidades e supervisão dos trabalhos dos assessores de gabinete parlamentar externo e, ainda, para custear visitas nas secretarias e órgãos da administração para averiguação das demandas do gabinete e checagem in loco do funcionamento da iluminação pública.