APARECIDO CARMO
DO CONEXÃO PODER
O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, admitiu durante depoimento à Justiça de Mato Grosso, que a pasta realizou compras "atípicas" de medicamentos durante sua gestão. Ele ainda destacou que ficou "chocado" com sua prisão durante a Operação Hypnos, da Polícia Civil.
“As compras foram realmente um pouco atípicas, porque realmente não existia medicamentos para serem comprados. Então, não estava se escolhendo muito para comprar, porque comprava o que tinha, porque pelo o que eu li lá, fala-se midazolan. Esse medicamento mantém o paciente sedado, sem esse medicamento o paciente acorda durante a intubação. Então, foram medicamentos que foram comprados por diversas fontes", afirmou.
Ele ainda justificou que não tinha controle sobre os processos de compra. Segundo ele, o processo chegava finalizado, apenas para que autorizasse.
“As compras não eram feitas por mim. Tem um setor que fazia compras, um setor que recebia e o setor que trazia os processos prontos para realizar os pagamentos. Nenhum administrador tem autonomia do início da compra até o término do pagamento. Tenho certeza absoluta que foi comprado corretamente, que foram entregues os medicamentos, principalmente, porque era um momento bem conturbado da pandemia”, disse em vídeo obtido com exclusividade pelo jornal Gazeta Digital.
As declarações de Célio foram feitas durante audiência de custódia, realizada na quinta-feira (8), ao juiz da 10ª Vara Criminal de Cuiabá, João Bosco Soares da Silva.
De acordo com a Polícia Civil, o ex-secretário seria o líder do esquema que desviou mais de R$ 1 milhão dos cofres públicos. A irregularidade consistia na utilização de uma empresa fantasma na aquisição de medicamentos que não teriam sido entregues.
A denúncia foi feita pelo diretor-geral interino do então Gabinete de Intervenção, Érico Pereira de Almeida, quando estava responsável pela empresa nos 9 dias em que durou a intervenção no município.
Ainda em seu depoimento, Célio lamentou o fato de não ter sido chamado para dar explicações sobre a denúncia. Ele afirmou que poderia ter contribuído.
“Como eu disse para o senhor: realmente, eu vi algumas coisas sobre empresas se tinha isso ou não na empresa, mas era um momento que não dava para escolher a empresa, a verdade é isso. Estava escolhendo se tinha medicamento ou não. Por isso que eu digo: se eu tivesse sido chamado para poder elucidar, eu teria tentado contribuir, porque assim mesmo que não encontre o processo tem a saída dos medicamentos para os pacientes. É só pegar o período e verificar que os pacientes foram medicados com esses medicamentos. Como era tão pouca a compra, como era tão difícil comprar vai ser muito fácil localizar se foram disponibilizados esses medicamentos na rede”, afirmou.
O ex-secretário teve o pedido de liberdade negado pelo magistrado, com isso, ele foi encaminhado para Penitenciária Central do Estado (PCE) em cela especial por ter ensino superior.