FERNANDA ESCOUTO
DO CONEXÃO PODER
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sob comando de Carlos Fávaro (PSD) firmou um convênio com a prefeitura de Jangada (75 km de Cuiabá), para receber R$ 22,9 milhões. Esse é o segundo grande repasse de Fávaro a Jangada esse ano. Em julho, enquanto ocupava a cadeira de senador, ele enviou R$ 28,7 milhões ao município, em emenda PIX so Senado. Chama a atenção o montante de 51,6 milhões dos repasses, já que a cidade, conhecida como "Capital do Pastel" tem apenas 8.409 habitantes.
O repasse de R$ 22,9 milhões do Ministério da Agricultura chega ao município com destinação para a melhoria de estradas vicinais, mas os R$ 28,7 milhões de emenda Pix não têm destinação definida previamente.
O valor global do convênio do Mapa com Jangada é de R$ 23,1 milhões, pois além do valor do ministério, ainda há uma contrapartida da prefeitura de R$ 200 mil. A vigência do convênio milionário vai até dezembro de 2025.
Emenda PIX
Em julho, quando Fávaro retornou ao Senado, ele encaminhou a Jangada 28,7 milhões. Entretanto, não há como saber a finalidade da destinação, pois a modalidade via Pix possui baixa transparência.
As emendas PIX são repassadas diretamente ao município ou estado beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere; são aplicadas em programações escolhidas pelas prefeituras ou governos estaduais e pertencem ao Estado ou Município no ato transferência.
Outros repasses milionários
No começo deste mês, o Palácio do Planalto teria repreendido o ministro da Agricultura após a divulgação de que ele havia destinado, no fim de junho, R$ 127 milhões em emendas para algumas cidades de Mato Grosso, entre elas Canarana e Campo Verde, beneficiando fazendas de padrinhos políticos.
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O valor teria sido destinado à manutenção e recuperação de estradas que atendem diretamente às fazendas de Eraí Maggi. Em Canarana, que recebeu a maior quantia, foram destinados R$ 26,3 milhões para um dos trechos da obra prevista para atravessar a Fazenda Cocal, que pertence à empresa.
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Já em Campo Verde, para onde foram destinados R$ 20,9 milhões, o principal trecho da obra sai da Fazenda Fartura, do grupo Bom Futuro, e leva às fazendas Filadélfia e Galheiros, que também pertencem ao grupo de Eraí.
À época, procurado pelo RepórterMT, o ministro Carlos Fávaro não respondeu à reportagem e até hoje não se manifestou publicamente sobre o assunto.
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