01 de Março de 2022, 10h:51 - A | A

Poderes / ANÁLISE POLÍTICA

Janela Partidária abre e candidatos vão se arriscar antes das federações

Candidatos podem ficar “de pires na mão” após federações, cujo prazo vai até maio

EUZIANY TEODORO
DA REDAÇÃO



A chamada Janela Partidária, período de 30 dias em que pré-candidatos às eleições podem trocar de partidos sem prejuízos eleitorais, abre na próxima quinta-feira, 3 de março, e fecha no dia 1º de abril. O “troca-troca” entre as siglas deve se repetir, como em todos os anos de eleições, mas terá um fator de risco em 2022: as federações.

Para as eleições desse ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regulamentou a criação das federações partidárias. Dois ou mais partidos podem se unir para as eleições, mas não será apenas uma coligação, podendo ser desfeita após o pleito. Com a nova legislação, esses partidos são obrigados a permanecer unidos por, no mínimo, quatro anos.

Ocorre que a federação deve ser feita entre os partidos em nível nacional, e as siglas nos estados e municípios são obrigadas a seguir a mesma diretiva. É aí que começam as divergências, pois são ideologias e entendimentos diferentes em cada região.

O prazo final para registro das federações é 31 de maio. No entanto, a Janela Partidária fecha em 1º de abril. Para o analista político Onofre Ribeiro, é aí que está o risco.

Candidatos podem escolher um partido com o qual têm afinidade e mais chances de se eleger e fazer a troca, porém, em menos de dois meses, podem se ver presos em uma federação com a qual discordam e acabar tendo que desistir da candidatura, diante de outros nomes “mais fortes” na mesma chapa.

“Antes não tinha federações partidárias. Tinha coligações. A coligação era apenas para a eleição, acabou, ficava junto ou não. Agora, com a federação, quem federou é obrigado a ficar junto o mandato inteiro. Aí vem a seguinte discrepância: se a Janela Partidária pode ir até 1º de abril, mas depois poderão ainda federar. Então, hoje, quem trocar de partido dentro da janela, corre o risco de se filiar a um partido novo e esse partido, que atende à sua simpatia, interesses naquele momento, de repente vai para uma federação completamente oposta e o sujeito vai ficar com a ‘vela na mão’”, avalia.

Para Onofre, os partidos são fracos e, nesta eleição, as federações ainda tendem a ser poucas, mudando muito pouco o cenário.

“Nós temos uns partidos políticos muito fracos, que não garantem, eleição após eleição, que a maioria dos seus filiados permaneça fiel. Há uma troca muito grande todas as eleições e dessa vez não vai ser diferente. Nós não teremos muitas opções de várias federações, porque a tendência do político é ser pragmático: ‘vou me filiar àquele que está mais fácil de ganhar’. Então, o que vai ter é um ‘troca-troca’ de partidos que, no final, vai ficar muito parecido”.

No entanto, a expectativa é que nos próximos quatro anos, dependendo da análise dos resultados dessa primeira experiência, o Brasil reduza de 35 partidos políticos para pouco mais de 10, dando opções melhores de candidatos aos eleitores.

“Em sintetizo dizendo o seguinte: É uma experiência. Partidos todos vão perder e ganhar filiados. Quem vai correr risco mesmo são os candidatos, porque depois de filiados na Janela Partidária, seus partidos poderão federar com outras ideologias que eles não estavam esperando. Mas tudo isso ainda está muito ‘no ar’. Nós temos muito tempo para ver tudo isso acontecer”.

 

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