17 de Maio de 2024, 07h:00 - A | A

Poderes / EMANUEL NA MIRA

Kero Kero descarta perseguição política e afirma que vai recorrer de decisão que suspendeu comissão processante

"Com certeza vamos preparar um recurso para derrubar essa liminar", disse ao telefone em entrevista ao RepórterMT.

RENAN MARCEL
DO CONEXÃO PODER



O presidente da Comissão Processante instalada na Câmara de Cuiabá contra o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), vereador Kero Kero (PMB), afirmou que vai se reunir com a Procuradoria do Legislativo para avaliar o melhor recurso contra a decisão liminar que suspendeu os trabalhos da comissão.

"Com certeza vamos preparar um recurso para derrubar essa liminar", disse ao telefone em entrevista ao RepórterMT.

O grupo composto também pelos vereadores Rogério Varanda (PSDB) e Eduardo Magalhães (Republicanos) iniciou nesta semana as oitivas, sem grande colaboração dos convocados, os ex-secretários do prefeito, que não compareceram para depor.

  

Para Kero Kero, os argumentos utilizados pelo prefeito no recurso que suspendeu a comissão podem ser rebatidos. O vereador afirma que, neste primeiro momento, ao ser notificado da decisão, irá cumpri-la. Mas adiantou que já nesta quinta-feira (16) deve se reunir com os procuradores da Casa.

 

 "Temos segurança jurídica de que tudo foi feito dentro do devido processo legal. Tanto que o juiz não fala em nulidade da processante, não vê cerceamento da defesa, nada de errado na tramitação dos trabalhos", afirma.

 

No recurso, a defesa de Emanuel Pinheiro aponta irregularidades em diversos pontos dos trabalhos da comissão e assevera que a defesa prévia não foi acolhida pelos membros. Diz que os vereadores cometeram ato ilegal e abusivo.

Emanuel diz não ter sido intimado para a reunião da Comissão Processante na ocasião em que foi deliberada sobre a defesa prévia apresentada. Os vereadores argumentem que a presença do denunciado não era obrigatória.

A defesa do prefeito cita ainda a presença "irregular" do vereador Fellipe Corrêa, autor do requerimento, durante reunião da processante e erros processuais, como a ausência de parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o requerimento do parlamentar.

Ao acolher o pedido do prefeito de Cuiabá, o juiz Márcio Aparecido Guedes, da 2ª Vara Especializada da Fazenda Pública, afirmou que o processo no Legislativo "não deve ser usado para perseguição política".

Questionado sobre a declaração, Kero Kero afirmou à reportagem que não vislumbra perseguição política contra o prefeito dentro dos trabalhos da comissão. E lembra que Emanuel tem utilizado esse argumento contra todas as outras 17 propostas de comissão processante que acabaram não vigorando na Câmara.

"Ele alega isso sempre e os argumentos acolhidos nessa decisão serão rebatidos na Justiça. Vamos procurar o mesmo caminho [via judicial] para continuar os trabalhos", acrescentou.

O pedido da comissão foi apresentado pelo vereador Felipe Corrêa logo após o afastamento do prefeito no dia 4 de março, por determinação do desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, atendendo ao pedido do Ministério Público Estadual (MPMT). Felipe Corrêa aponta no documento que o prefeito teria cometido possíveis infrações político-administrativas.


Emanuel é acusado de chefiar uma organização criminosa que teria se instalado na Secretaria de Saúde para contratar empresas fantasmas e pagar por serviços que não eram prestados, surrupiando assim os cofres da Prefeitura. Além disso, ainda pesou contra o prefeito as  19 operações policiais enfrentadas pela sua gestão ao longo dos anos. Sem falar do fator "ano eleitoral", em que os vereadores se veem cobrados pela sociedade a dar algum tipo de resposta a esse histórico. 

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