CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O governador Mauro Mendes (DEM) voltou a defender a vacinação contra a covid-19 como solução para a pandemia provocada pelo novo coronavírus, e afirmou que os políticos que fazem discursos contrários devem ser responsabilizados pelas mortes de quem foi induzido ao erro.
“Se o cidadão não quer vacinar, o país ainda não tem uma lei dizendo que é obrigado. Agora, fazer campanha contra a vacina é criminoso. Ficar falando besteira, bobagem contra a vacina, é um crime contra a vida de muita gente”, defendeu o governador nesta terça-feira (11), em entrevista à Rádio CBN Cuiabá.
“Qualquer líder, qualquer pessoa que tem a oportunidade de falar para as pessoas através dos meios de comunicação pode gerar algum nível de influência na cabeça das pessoas, principalmente se é um governador, um deputado, um presidente, se é um político, alguém que, de alguma forma, exerce um cargo”, acrescentou.
Na ocasião, o governador criticava a Assembleia Legislativa (ALMT), que, na semana passada, aprovou em primeira votação um projeto de lei que pretende proibir a exigência de qualquer comprovante de vacinação para os moradores entrarem em órgãos públicos ou empresas privadas.
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O projeto, que está em discussão desde setembro passado, motivou declarações contrárias do chefe do Ministério Público Estadual (MPE), o procurador-geral José Antônio Borges Pereira, que já garantiu que vai acionar a Justiça caso o texto se torne lei. Ele afirmou que os políticos que estimulam a não vacinação “o fazem de forma perversa, maldosa e criminosa”.
Na visão do governador, o chefe do MPE tem razão. “Acho que esse tema de vacina no Brasil já foi politizado demais, muita gente falando demais a respeito, muita conversa fiada, e isso é muito ruim, porque atrapalha demais o cidadão”.
“Acaba influenciando na cabeça de algumas pessoas negativamente, e leva a essas distorções que temos aí, de um grupo não pequeno da população que não se vacinou e não quer se vacinar. Entram nessa onda, e estão agora sofrendo as consequências, morrendo. Provavelmente, muita gente ainda vai morrer porque ainda não se vacinou, e acho que a responsabilidade é de quem induziu a população a não vacinar”, defendeu Mauro.
Apesar da posição do governador, Mato Grosso tem um número expressivo de moradores que são contrários ao passaporte da vacina, bem como à obrigatoriedade da vacinação. Em enquete disponibilizada pelo #reportermt, 78,5% dos internautas disseram ser contrários à exigência do comprovante.
A opinião também se reflete nos dados da vacinação. Segundo o governo estadual, apenas 67% da população mato-grossense está completamente imunizada contra a covid-19, ou seja, recebeu ao menos duas doses da vacina. O número aponta que quase não houve avanço na campanha de imunização desde novembro passado.
Ao todo, conforme a Secretaria de Estado de Saúde, 400 mil pessoas não se vacinaram em MT e 900 mil não tomaram a segunda dose da vacina.