APARECIDO CARMO
DAFFINY DELGADO
A vereadora Maysa Leão (Republicanos) se reuniu na tarde desta segunda-feira (04) com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (União), para pedir providências contra o deputado estadual Gilberto Cattani (PL).
O parlamentar, que já é alvo de outro inquérito na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, se recusa a apagar uma postagem no seu Instagram em que a vereadora vem sendo ofendida e ameaçada por seguidores do deputado, onde ele insinua que ela "defende estupradores".
“A gente veio protocolar um pedido de providências de 15 vereadores da Câmara de Vereadores de Cuiabá a respeito do acontecido com o deputado Cattani e eu. Um acontecido que hoje extrapolou as pessoas físicas e acabou atingindo as pessoas parlamentares. Então, é um caso que precisa ser apurado por essa Casa, que é a Casa de Leis onde ele tem o cargo dele. Então faremos a entrega do documento para o presidente Botelho e para a Procuradoria Geral da Mulher”, disse Maysa Leão.
A vereadora ainda destacou o fato de a discussão ter causado repercussão social e ter coincidido com a campanha do Agosto Lilás, campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. “E na sexta-feira o deputado Cattani protocolou uma queixa-crime contra a minha pessoa por calúnia, difamação e injúria demonstrando que não há um arrependimento, nenhuma vontade de resolver amigavelmente”, afirmou a vereadora.
Para Maysa Leão, há no comportamento de Cattani “algo análogo à quebra de decoro parlamentar”. Contudo, cabe à Assembleia Legislativa verificar se a denúncia procede ou não. “Então por isso que é um pedido de providências, para que a Casa, dentro do seu regimento, possa agir e os deputados possam julgar”, disse Maysa.
A vereadora já fez um boletim de ocorrência junto à Delegacia de Crimes Virtuais e também na Delegacia da Mulher. Já houve uma oitiva, quando foi confirmada a materialidade do crime. “Havendo coerência com o crime de violência política de gênero entre dois parlamentares, aí sim esse despacho será encaminhado para a Polícia Federal. Após isso a gente tem alguns outros passos que a gente vai esperar primeiro o trâmite aqui dentro da Assembleia pra depois dar seguimento”, afirmou.
“É um sentimento de incredulidade que alguém que esteja num cargo público tenha tempo para permitir perpetuar esse tipo de violência e a falta ainda de compreensão da nossa sociedade do grande impacto da violência moral e da violência psicológica. Porque nós chegamos ao feminicídio depois de algumas etapas, né? Nenhum feminicídio acontece de repente. O feminicídio, ele é oriundo de uma cultura que vai se perpetuando. Então, a gente precisa levar a sério. Dentro das redes do deputado, existem palavras horríveis, direcionadas à minha pessoa, à minha mãe, à minha filha. E isso não é uma brincadeira”, disse a vereadora.