CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
A vereadora da oposição Michelly Alencar (DEM) afirmou que sentiu que seu direito de fala foi silenciado durante a sessão legislativa desta quinta-feira (4), quando a Câmara de Cuiabá iria votar a abertura de uma Comissão Processante contra o prefeito Emanuel.
A sessão em questão precisou ser encerrada depois de um bate-boca que se instalou entre a vereadora e o presidente da Casa, Juca do Guaraná Filho (MDB), em razão de um discurso feito pelo vereador Sargento Vidal (Pros). Michelly afirmou que se sentiu atacada e gostaria de responder ao colega, mas foi vetada pelo presidente.
“Eu fui silenciada no meu direito de fala. Rasgaram, hoje, o regimento interno desta casa. Aqui, quando um vereador se sente ofendido, ofendido na sua honra pela palavra de algum outro vereador, ele tem direito claro da palavra, e eu não tive”, afirmou Michelly após a sessão.
Durante a sessão, Sargento Vidal alegou que a vereadora teria afirmado em uma publicação do seu Instagram que o resultado da votação do requerimento de abertura da Comissão Processante dependeria do tamanho do cheque que os vereadores iriam receber, sugerindo possível compra de votos.
À imprensa, Michelly alegou que se tratava da repostagem de uma análise de um cientista político. Outros vereadores da oposição também teriam feito a mesma publicação.
“Não é uma fala minha. Eu não falei de cheque, eu não coloquei o nome de nenhum vereador. A votação nem aconteceu e já tem vereador se sentindo ofendido, ou seja, se a carapuça serviu eu não sei, agora, o que não podem é colocar palavras na minha boca e ainda me silenciar”, afirmou.
Michelly ainda criticou a postura do presidente da Casa, que, durante o bate-boca, a chamou de histérica e a comparou com uma “menina que perdeu o doce”. Ela afirmou que se sentiu ofendida com o comentário e que tudo não passou de uma tentativa de silenciá-la em razão de sua posição política contrária ao prefeito Emanuel Pinheiro.
“Primeira vez nesses 10 meses de mandato eu fui ofendida como mulher. Me respeite! Eu sou uma vereadora assim como ele. Fui eleita, tenho voz nessa causa, e não vou me calar diante de uma situação histórica para Cuiabá, de um prefeito afastado”, comentou.
“Ele quer me silenciar porque sou da oposição, porque sou mulher, e não me calo. Não vou aceitar isso. Se o presidente não tem respeito pelo par, pela vereadora mulher que está nessa casa hoje, ele precisa rever o posicionamento dele como presidente e como vereador”, finalizou.
Comissão Processante
O pedido de abertura de uma Comissão Processante foi feito pelo suplente de vereador Fellipe Corrêa (Cidadania) no dia 21 de outubro, dois dias depois que Emanuel foi afastado do cargo, alvo da Operação Capistrum, do Ministério Público Estadual. A comissão, se for aberta, tem prazo de 90 dias para trabalhar e emitir um relatório, que poderá resultar ou não na cassação do mandato do gestor.
No Ministério Público, Emanuel é investigado por descumpir decisões judiciais relativas ao pagamento de um prêmio saúde e da contratação de servidores temporários para a Secretaria de Saúde. Por conta dos descumprimentos, foi determinado o afastamento do prefeito por 90 dias, no âmbito de uma ação civil pública. Antes, porém, ele já estava afastado por decisão liminar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.