19 de Maio de 2023, 13h:38 - A | A

Poderes / USO DE VI

Ministério Público instaura investigação sobre suposto esquema de “rachadinha” de Edna Sampaio

Imprensa denunciou existência de suposto esquema de rachadinha, em que vereadora obrigava chefe de gabinete a devolver verba indenizatória.

APARECIDO DO CARMO
DO CONEXÃO PODER



O Ministério Público do Estado de Mato Grosso instaurou de ofício uma notícia de fato para apurar as denúncias de um suposto esquema de “rachadinha” divulgadas pela imprensa contra a vereadora por Cuiabá Edna Sampaio (PT). A investigação está sendo conduzida pelo promotor Mauro Zaque e está sob sigilo. A notícia de fato é um procedimento que antecede o inquérito civil.

Conforme matéria do site RD News veiculada em 03 de maio, comprovantes de transferências bancárias, mensagens em áudio e em conversas por WhatsApp atestariam o envolvimento da vereadora no esquema. Áudio divulgado na ocasião mostra o marido da parlamentar, Willian Sampaio, ex-superintendente do Incra-MT e ex-presidente regional do PT, cobrando a transferência que corresponderia a devolução do dinheiro que uma funcionária do gabinete tinha recebido como verba indenizatória.

Em resposta à divulgação da matéria, Edna Sampaio fez uma live dizendo que é vítima de um "ataque" por setores da sociedade, pela sua "independência” e pela possibilidade de o PT lançar uma candidatura própria à Prefeitura de Cuiabá em 2024.

 

 Ela admite que ficou com o dinheiro da verba indenizatória da ex-servidora, mas argumenta que o dinheiro foi usado paa custaear despesas de gabinete.

 

 

A ex-chefe de gabinete também se pronunciou sobre o assunto e disse que não entendia muito sobre o uso da verba.

"Rachadinha é quando se divide o salário. O meu salário, eu nunca devolvi nenhuma parte para a Edna. Os únicos valores que eu devolvia eram a VI, que era depositado na minha conta de chefe de gabinete. Esse valor eu devolvia para ela por que? Porque, para mim, aquele dinheiro era do gabinete. Um dinheiro que caía na minha conta, destinado para a administração do gabinete e que caía na minha. Eu não entendia muito sobre a finalidade dessa verba", declarou Laura Natasha Abreu, ex-servidora que foi cobrada a devolver o dinheiro.

A vereadora chegou a tentar tirar a matéria do ar, acionando judicialmente os sites RD News e o RepórterMT, que replicou o material. Contudo, o juiz Hildebrando da Costa Marques, do 1º Juizado Especial Cível de Cuiabá, negou o pedido.

“No caso em exame, analisando as matérias jornalísticas juntadas nos autos, embora seja este um momento de cognição incompleta, entendo que não há probabilidade do direito para justificar exclusão liminar das notícias publicadas nos sites das partes reclamadas”, disse o juiz que enxergou interesse público na divulgação das informações sobre fatos relativos à destinação de verba pública. Além disso, ressaltou que o material jornalístico em questão não possui linguagem ofensiva ou depreciativa.

O magistrado ainda pontuou que a vereadora não contesta as conversas de WhatsApp e os comprovantes de transferência bancária que demonstram que os valores saíram da conta da ex-chefe de gabinete e foram transferidos para a conta da vereadora Edna Sampaio. “Como e porque essas transferências foram realizadas é uma questão que ainda está por ser esclarecida”, destacou o magistrado.

A Comissão de Ética da Câmara Municipal de Cuiabá abriu investigação contra a parlamentar, num processo que pode resultar na cassação do seu mandato. Serão convocados a prestar esclarecimentos a vereadora petista Edna Sampaio (PT), o marido dela William Sampaio, o jornalista Romilson Dourado, do RDNews, e a ex-chefe de gabinete Laura Oliveira para prestarem esclarecimentos sobre a denúncia de suposto esquema de rachadinha no gabinete da vereadora.

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