CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso decidiu manter aberta investigação contra o empresário cuiabano Filadelfo dos Reis Dias, suspeito de lavagem de capitais e crime contra a ordem tributária. A informação consta no Diário Oficial de quarta-feira (27).
Filadelfo é empresário conhecido do ramo da mineração e chegou a ser ouvido como colaborador da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal, movida na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Ele também já foi investigado na Operação Ararath e citado na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa.
De acordo com o MPF, a investigação inicial começou a partir de Relatório de Inteligência Financeira, que apontou a possibilidade dos crimes financeiros. Os documentos apontaram transações financeiras entre determinadas pessoas para evitar que os valores fossem alvos de bloqueios judiciais que existem contra quatro empresas.
O caso teria sido investigado na 21ª fase da Operação Lava Jato, que apurou esquema de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras. Entre os itens obtidos por meio de mandados de busca e apreensão em uma empresa frigorífica, para coleta de provas relacionadas à prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, foi encontrada uma lista chamada “Grupo B” na qual o nome de Filadelfo estava indicado.
O procurador da República responsável pela investigação pediu o arquivamento do caso, alegando que não haveriam provas mínimas que demonstrassem a prática dos crimes.
“Em verdade, as diligências empreendidas ao longo das apurações não apontaram indícios consistentes que pudessem levar a imputação a algum dos investigados de fato criminoso. A mera menção de que "o nome de F.D. teria sido encontrado casualmente em uma das listas do Grupo Bertin", quando do cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal no âmbito da 21ª fase da Operação Lava Jato, não tem o condão de evidenciar irregularidade das movimentações financeiras reportadas”, justificou.
O pedido de arquivamento ainda teve como justificativa o fato de que Filadelfo teria lastro financeiro para comprovar as movimentações identificadas pelo Coaf.
Contudo, a procuradora Luiza Cristina Fonseca Frischeisen foi contra o arquivamento. Ela apontou que somente seria possível o arquivamento se já estivessem esgotadas as diligências investigatórias ou que houvesse demonstração inequívoca de que o crime não ocorreu ou extintiva da punibilidade.
“Não é, contudo, o caso dos autos. Embora o RIF não aponte de forma concreta atos que, de imediato, possa indicar a prática de crime, verifica-se dos autos que não foram realizadas diligências capazes de elucidar os fatos, como a comunicação dos fatos à Receita Federal para esclarecimento a respeito da existência de procedimentos fiscais instaurados contra os representados. Além disso, o histórico trazido no RIF informa movimentação financeira de grandes valores, fato que merece esclarecimentos por parte dos investigados, que também não foram instados a se manifestar”, anotou.
Outro lado
A defesa de Filadelfo dos Reis Dias informa que não existe qualquer investigação em andamento referente à operação “lava jato”, perante à Justiça Federal do estado do Paraná, contra o empresário.
Informamos ainda que todas as medidas serão tomadas para averiguar o vazamento seletivo de informações, pois como a suposta denúncia não tem nenhuma relação com a realidade dos fatos, ficando evidente o caráter tendencioso das notícias. A defesa já está tomando as devidas providências para reparação.