LEANDRO MAIA
DO CONEXÃO PODER
A racionalidade das eleições em outubro depende muito de quanto Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os dois líderes da polarização política no Brasil, estão dispostos a amenizar ou, então, a botar ainda mais “gasolina” nos ânimos em erupção entre os eleitores que se dividem entre eles.
Para o analista político Onofre Ribeiro, a polarização deixou a política "a Deus dará”. De um lado, o presidente Bolsonaro está “jogando” a reeleição e o projeto de continuidade de poder; do outro, o ex-presidente Lula está “jogando” a sua biografia e o futuro da esquerda na América Latina.
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Essa disputa pelo Palácio da Alvorada, oxigenada pela polarização, pode estar caminhando para o ambiente da instabilidade. Essa tese é reforçada pelo cenário de violência política, notícias falsas sendo espalhas nas redes e a falta de entendimento entre as instituições, que podem resultar em uma eleição “não racional” e “sem clima” para votação.
“A eleição corre o risco de ser uma eleição desinstitucionalizada. A polarização não é instituição. Nós perdemos as almofadas da harmonia entre os Poderes. As instituições caminham em sentidos opostos”, critica.
Pensando em uma situação em que o caos se instale nas ruas - motivada pela polarização política -, o Artigo 142 da Constituição Federal permite a intervenção das Forças Armadas para reestabelecer a ordem, garantindo a democracia e soberania nacional. Sendo assim, em uma eventual ação do exército, o Congresso Nacional seria fechado, novas leis seriam aprovadas e novas eleições seriam convocadas.
Na visão de Onofre, essa ideia de intervenção interessaria a ambos os candidatos, que disputam a Presidência da República, já que poderiam se beneficiar de novas eleições, caso um deles se veja em desvantagem para o pleito.
“A perda de identidade dos partidos abre espaço para essa polarização. Não temos mais partidos orgânicos. Os partidos se esvaziaram e se transformaram em grupos oportunistas em busca pelo poder”, finaliza.