APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
A pedido do Repórter MT, o analista político Onofre Ribeiro avaliou o cenário eleitoral brasileiro, após a divulgação da última pesquisa IPEC para a disputa pela Presidência da República. Pelo cenário apresentado pelo instituto, Lula aparece à frente com 44% das intenções de voto. Bolsonaro vem na sequência, com 31%. Os outros candidatos juntos somam 13%.
Onofre considera que há um erro primordial nos levantamentos realizados: a metodologia utilizada não evoluiu. No seu ponto de vista, a partir do surgimento dos smartphones e das redes sociais, nos anos 2000, a mente do eleitor mudou muito.
“A política sai do campo da autoridade, hierarquia, do tem que ser assim, para um mercado cinzento, um mundo cinzento. Hoje a cabeça do cidadão que vota está cheia de informações de todos os lados: contra, a favor, verdade, mentira, fake news, etc. Entre o cidadão de 2005 e o de hoje há uma evolução muito grande. E os institutos de pesquisa ainda estão trabalhando com aquele cidadão, aquele eleitor antigo”, avalia.
Prova disso, segundo Onofre, foi a eleição de 2018, em que os institutos não conseguiram captar o sentimento da maior parte da população contra o 'lulopetismo", que resultou na eleição de Jair Bolsonaro.
“Eles ficaram julgando a eleição, fazendo pesquisa em cima de Haddad, em cima de Bolsonaro etc. Não entenderam que havia uma onda silenciosa, onipresente, dizendo ‘nós não queremos mais essa história de PT’. E o PT continuava acreditando. É óbvio que acredita, como é uma sigla com uma filosofia messiânica que acha que vai salvar o mundo, isso é muito da esquerda, eles acharam ‘não, o mundo vai reconhecer que nós somos fantásticos’. E o Brasil não estava reconhecendo isso. Então o eleitorado brasileiro percebeu, ele entendeu que a forma de tirar o PT seria no silêncio”, disse.
Um outro fator que precisa ser levado em consideração, de acordo com o analista, é a pandemia. Na visão de Onofre Ribeiro, as pessoas passaram por uma “lavagem cerebral” causada principalmente pela mídia durante o período de isolamento social. Para ele, o medo da morte foi a arma usada para tentar desconstruir o governo de Jair Bolsonaro.
“No entanto, por razões outras, a mídia, as universidades, o serviço público e a oposição começaram o trabalho de tentar criar uma narrativa nova para uma história velha que é o lulopetismo. É uma história velha, não tem como entender com uma história nova. E foi aí a tentativa de desmonte de Bolsonaro e sua estrutura, ainda que isso custasse o desenvolvimento do Brasil, a autoestima, etc”, afirmou.
Para Onofre, mais do que tentar compreender os rumos que o voto do eleitor está tomando, os institutos de pesquisa estão "guerreando entre si para estabelecer narrativas". Hoje, eles não estão sendo capazes de enxergar um “tsunami” silencioso de pessoas que rejeitam as ideias de esquerda e que vão levar o país para uma direção oposta àquela apresentada pelas pesquisas divulgadas até agora.
“Os institutos, de novo, não estão captando uma onda nova no país e que vai sepultar de vez o lulpetismo, o esquerdismo radical em busca de alguma coisa muito mais pragmática. O que não significa que isso seja uma nova onda bolsonarista. É uma nova onda futurista”, defende.
Para Onofre, a eleição de 2022 vai ser a oportunidade de as pessoas manifestarem, no voto, a sua independência, as “suas angustias, frustrações e sua própria identidade brasileira”. Para o analista, esse é um pleito que vai entrar para a história tanto pela importância do que será decidido pelo povo, como pela completa desmoralização dos institutos de pesquisa.
“Essa eleição vai ficar na história e os institutos de pesquisa também vão para a história como incompetentes ou como partidários”, finalizou.