DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT
O analista político e professor Onofre Ribeiro afirmou ao Repórter MT, na tarde desta quarta-feira (26), que a decisão do ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, em exonerar o servidor que estaria supostamente envolvido em fraude nas inserções de propaganda eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), dentro da Corte Eleitoral, foi um "tiro no pé".
A demissão do servidor veio logo após a equipe do candidato à reeleição encaminhar uma denúncia, onde aponta que 1.283 horas de conteúdo de campanha do presidente deixaram de ser inseridas no sistema do TSE, para que as emissoras de rádio e TV baixassem e vinculassem.
Com isso, Bolsonaro teria sido prejudicado ao ter menos inserções em rádios do que a campanha adversária, do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Em análise, Onofre explicou que Moraes deveria ter aberto uma sindicância dentro do TSE para ser apurada a suposta irregularidade e não exonerado o servidor que, logo em seguida, procurou a Polícia Federal e afirmou que foi vítima de abuso de autoridade. Com isso, na opinião de Onofre, instalou-se uma crise interna.
“Nesse caso do TSE, ele deu um tiro no pé. Ele pegou a crise e trouxe para dentro. Não era o caso de demitir o rapaz, era o caso de estabelecer uma comissão de inquérito, sindicância, e prometer investigar com todo rigor, essas comissões que se criam para não se resolver nada, mas não”, declarou.
“Trinta minutos após o rapaz denunciar a chefe dele, por conta de denúncias do presidente Jair Bolsonaro via Ministério das Comunicações, o que o TSE fez? Demite o rapaz. Ele se sentiu vítima, foi na Polícia Federal denunciar e aí virou uma coisa pública”, acrescentou.
Onofre destacou que todo esforço do ministro em ter uma campanha dentro daquilo que ele chama de lisura, "foi para o espaço”.
“O Alexandre de Morais que apostava tudo na sua 'grande integridade' e uma eleição de exemplo para o mundo, mas pega um desgaste imenso na medida em que, ao invés que colocar a crise para fora, trouxe para dentro do TSE”, finalizou.