DAFFINY DELGADO
CAMILLA ZENI
O ex-governador de Mato Grosso, Pedro Taques e o primo, ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, devem ser convocados para prestarem depoimento no inquérito policial que investiga falsidade ideológica, organização criminosa e embaraço às investigações da Operação Grampolândia, sobre esquema de escutas telefônicas clandestinas em 2017.
A informação foi revelada durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (15), pela delegada da Polícia Civil Ana Cristina Feldner, que coordena as atividades da força-tarefa, que deflagrou nova fase da operação, que teve como alvos dois servidores da Casa Civil.
Segundo a delegada, dois investigados já prestaram depoimentos nessa terça-feira (14). Foram eles Rosinaldo Nunes de Almeida, chefe do setor de Protocolos e Postais da Casa Civil, e Rosângela da Silva Oliveira, que atuava no mesmo setor e está aposentada. A dupla foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos nesta quarta-feira, no âmbito da Operação Reset - um desdobramento da Grampolândia.
Questionada se Pedro e Paulo Taques já tinham prestado depoimento, Feldner afirmou que não, mas avaliou que, "provavelmente", os primos deverão ser chamados em breve.
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Cabe lembrar, o ex-governador Pedro Taques e o ex-secretário Paulo Taques foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) como mandantes do esquema de escutas clandestinas, que teria grampeado jornalistas, advogados e políticos.
Operação Reset
Com a operação, a força-tarefa tenta encontrar a guia de trâmite e as páginas de uma denúncia física protocolada pelo então secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp) Mauro Zaque, ainda em outubro de 2015. Nela, Zaque revelava a existência de um escritório clandestino de grampos telefônicos.
Quando a Grampolândia veio à tona, em 2017, Zaque afirmou que teria denunciado o caso para o governador Pedro Taques, que rebateu negando a informação. Então, descobriu-se que a denúncia protocolada pelo então secretário havia desaparecido. O número de protocolo registrado e entregue a ele foi apagado e distribuído para outra comunicação, que nada tinha a ver com o caso.
As investigações apontaram que foi pela senha de Rosinaldo, que chefiava o setor, que o protocolo de Zaque foi apagado. Já a responsável teria sido Rosângela.
À época das investigações, Rosinaldo chegou a ser afastado das funções e respondeu a um Processo Administrativo Disciplinar, que apontou em parecer pela sua demissão. Contudo, em 2019 ele foi reintegrado ao cargo, sendo que, em 2020, o governador Mauro Mendes decidiu arquivar o PAD, baseado em um parecer da Procuradoria-Geral do Estado.
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