CAMILLA ZENI
DAFFINY DELGADO
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quarta-feira (15), um desdobramento da operação conhecida como Grampolândia Pantaneira, em continuidade às investigações dos grampos ilegais que ocorreram na gestão do ex-governador Pedro Taques.
Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão na casa de Rosinaldo Nunes de Almeida, chefe do setor de Protocolos e Postal, e da servidora aposentada Rosângela da Silva Oliveira, que também atuava no setor de protocolos em 2015, quando houve o esquema de grampos telefônicos.
As investigações da Grampolândia apontaram que a senha de Rosinaldo teria sido usada para fraudar o protocolo no qual o então secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, denunciava a suspeita de um escritório de escutas clandestinas que teria sido montado no governo estadual. A denúncia deveria ter sido entregue ao então governador Pedro Taques, mas o mesmo número de protocolo foi usado para outra comunicação direcionada à Sinfra. Já Rosângela foi a responsável por cadastrar o protocolo original e cancelar o trâmite em seguida.
O caso foi descoberto quando Mauro Zaque afirmou à imprensa que teria avisado Pedro Taques sobre o esquema e o governador negou a informação, garantindo que a formalização da denúncia nunca tinha sido feita. Por conta da fraude no protocolo, Rosinaldo chegou a ser afastado do cargo por Taques e passou a responder um Processo Administrativo Disciplicar.
Conforme apresentado à Justiça, o resultado do PAD apontava para a demissão do servidor. Contudo, em outubro de 2019 o governador Mauro Mendes (DEM) decidiu renomear o servidor como chefe do setor e, em outubro de 2020, arquivou o procedimento que indicava sua demissão.
"Ora, levando-se em consideração que tramita perante a forçaa-tarefa policial o inquerito policial n. 02/2017, que visa justamente a apuração de suposta fraude ocorrida no protocolo da SESP, no dia 14/10/2015, tendo o representado Rosinaldo, então Chefe de Protocolo e Postal, como principal suspeito dos atos ilicitos praticados, repute temeraria as investigações que o servidor retorne a exercer suas atividades no mesmo setor em que foram praticados, em tese, os crimes imputados, ferindo sobremaneira a moralidade administrativa", diz trecho da decisão.
O pedido foi deferido pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que ainda o proibiu de frequentar o setor de Protocolo, o Arquivo Público, e de manter contato com outros investigados da grampolândia, como a servidora Rosângela, os ex-secretários José Adolpho de Lima Avelino Vieira e Paulo Taques, e o ex-governador Pedro Taques.