CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
Denúncias de falsificação de assinatura, fraude e crime eleitoral marcaram o retorno do vereador Benancy Lemes da Silva (DEM), o Benna, à presidência da Câmara de Acorizal (70 km de Cuiabá), neste mês de agosto.
Benna esteve afastado da Câmara desde 1º de janeiro deste ano, quando passou a comandar, interinamente, a Prefeitura de Acorizal. A situação se deu porque o prefeito eleito em novembro de 2020, Meraldo Sá (PSD), teve o registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), em dezembro.
Entretanto, no dia 1º de agosto foi realizada eleição suplementar, quando a população escolheu Diego Taques (PSD) para ser o novo prefeito. A posse do novo gestor foi marcada para o dia 20 de agosto, na Câmara Municipal, onde, na mesma ocasião, Benna descobriu a fraude.
"Na hora do juramento, na posse, fomos surpreendidos com um documento que entregaram para a secretária da Câmara ler. Ela foi lendo até o final e eu prestando observando. Falava que estava renunciando, mas eu confiando que era do presidente interino. Nas últimas palavras estava lá meu nome. Manifestei, me levantei na hora, pedi o uso da palavra e fiz minha defesa de que a gente não estava renunciando e que desconhecia qualquer documento dessa natureza", explicou o presidente.
A situação foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da Câmara, e o vídeo acabou circulando. Nas imagens, é possível ver que Benna ficou surpreso com a situação. Ele chegou a acusar, naquela ocasião, algumas pessoas que estavam presentes.
De acordo com o vereador, naquela sessão ele ainda não tinha reassumido como presidente, o que apenas ocorreu na semana passada. Ele informou que, diante do esclarecimento de que não tinha a intenção de renunciar à Presidência, o documento fraudulento não teve seguimento. No entanto, as denúncias foram formalizadas.
O presidente informou que apresentou o caso ao Ministério Público Estadual (MPE), e que chegou a se reunir com o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na última semana. “Disseram que isso aí era coisa de organização criminosa”, comentou.
Benna acusa um advogado, cuja identidade não será divulgada, de ter sido o autor da fraude. Segundo ele, trata-se de um servidor de carreira do município, que teria elaborado o documento com o timbre da Câmara, falsificado a assinatura do então prefeito, e reconhecido firma em cartório, indo, depois, protocolá-lo na Câmara.
“O Ministério Público, o Gaeco, disse que acharam fraude de crime eleitoral, diante de todos os documentos. Analisaram, sentaram dois a dois junto comigo na sexta-feira, pediram para eu juntar todos os documentos que eu tinha alí, porque vão enviar para o Ministério Público Eleitoral”, contou Benna.
Segundo o vereador, a diferença entre sua assinatura e a utilizada no documento de renúncia é gritante. Ele diz que, entretanto, uma perícia deverá ser solicitada na Justiça, quando o processo for iniciado. Benna também afirmou que representou contra o advogado junto a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso, e que acredita que o crime seja “obra da oposição”.
“A oposição quer me tirar, né. Então, tomei posse, presidi a sessão, só que os vereadores da oposição não vieram. Comuniquei na tribuna que os vereadores todos faltaram sem justificativa e dei falta para eles. No dia seguinte recebi outro documento, aquele advogado que elaborou, pedindo para eu dar posse para o vice-presidente em 48 horas. Não me manifestei, porque não é nenhum documento judicial, foram eles que elaboraram. É coisa bem amadora”, finalizou.