ANA CRISTINA VIEIRA
DO CONEXÃO PODER
A magistrada do Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá, Maria Rosi Borba, em entrevista ao Conexão Poder, pontua que o presídio não é um espaço de ressocialização para 95% dos presos e que os condenados, em sua maioria, são frutos da sociedade e com destinos pré-estabelecidos.
"Eu mando pessoas para o presídio há 27 anos, há 27 anos eu digo se as pessoas devem ou não ir para lá, mas eu nunca fiz isso com a ilusão de que eles iriam mudar, isso não existe. Essa decisão sempre foi tomada por mim na condição de que esse indivíduo aqui fora ele pode trazer um dano maior", observou.
Rosi explica que a legislação aponta que essas pessoas têm o direito de serem ressocializadas, no entanto é preciso oferecer oportunidades para que o caminho do crime não seja percorrido.
"Eu entendo que quando o preso chegou ali, eu entendo que ele é sim fruto da sociedade, a primeira coisa que eu pergunto ´quantos anos você tem? 18, 20. Até que série você estudou? 5ª série, é o máximo. Você foi criado por quem? Só pela minha mãe. O que sua mãe fazia? era diarista. Gente, esse menino foi solto lá no bairro aos 4, 5 anos, ele não teve oportunidade de aprender nada, nós não demos a ele nenhuma oportunidade. E aí, fica muito fácil pra gente aqui, a classe média, a classe média alta dizer: não, vamos destruir, vamos arrebentar, vamos isolar. Então isso tem que ser discutido pela nossa sociedade", destacou.
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