SILVIA DEVAUX
DA REDAÇÃO
Analistas políticos avaliam que o vereador Abílio Brunini (Podemos), que chegou ao primeiro turno das eleições à Prefeitura de Cuiabá em 1º com cerca de 8 mil votos à frente, perdeu no segundo turno para o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) pela forma "arrogante" de conduzir a campanha.
"Ele terminou o primeiro turno favoritíssimo, com grandes possibilidades, mas acabou perdendo o 2º turno. Mais que o Emanuel ganhar, ele perdeu a eleição", observa o cientista político João Edisom explicando que o grito do "nós já ganhamos, limpamos a Câmara [de vereadores] foi de uma forma muito arrogante", sem falar na maneira que excluiu apoios relevantes.
O professor João Edisom argumenta que apesar da diferença de votos não ter sido tão expressiva, o vereador perdeu na reta final do 2º turno, na última semana, em função dos debates, das críticas e ataques à toda imprensa, ao presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM), e à deputada estadual Janaina Riva (MDB) que ele estabeleceu como inimigos sem os parlamentares não terem falado nada dele.
"O mote político dele começou a derreter nesses momentos, nesse percurso. Se ainda tivéssemos mais dias de campanha pela frente ele perderia muito mais votos por esse comportamento", avaliou o analista ao emendar que o "Emanuel aproveitou os votos que 'ele não quis'. Esses quase 50 mil votos a mais que ele ganhou, foram votos de pessoas que votaram em protesto ou em negação ao Abílio".
O advogado Eduardo Mahon seguiu a mesma linha de análise, de que o "Abílio dispensou apoios importantes: Ele dispensou o apoio do Botelho, o apoio da Janaina e dispensou 'olimpicamente' a imprensa. Isso, foi fatal". Que apesar de no 1º turno ter conquistado a maior parte do eleitorado por conta do perfil atraente, agregador pela crítica e oposição radical, "a única explicação que existe é que perdeu pelo próprio perfil no 2º turno".
"A rejeição ao perfil agressivo, que eu chamo de antipolítico, do Abílio foi tão forte que fez com que o Emanuel ganhasse. O que deu a vitória a ele e não ao Abílio, eu acho, foi uma gestão de um lado que ele [prefeito] fez e o que o Abílio representava", analisou o jurista citando o fato de ele não saber conciliar, ouvir, incluir e, sobretudo, ser tolerante.
Mahon observou que "quando ele fala eu não preciso de deputados, ele está desprezando a mediação política; quando ele fala eu não preciso de vocês, formadores de opinião, servidores públicos, ele está dispensando todo o conjunto de alianças que o agente pode e deve fazer".
Assim, não encontrou um perfil pessoal que fosse suficiente para somar mais mesmo depois de ser um candidato vitorioso no 1º turno, que recebeu o apoio da terceira colocada [Gisela Simona], do 4º colocado [Roberto França] e do governador Mauro Mendes perdeu as eleições.
A derrota, na opinião do advogado, foi pela "postura antipolítica" na maneira de bradar que não queria a política tradicional. "Ora, você quer que política? Porque política é tradicional. Na política você tem que sentar com as pessoas e dizer: Nós não somos iguais, mas o meu projeto é esse e nós podemos seguir no mesmo caminho. Isso é uma política sadia, normal. Eu não preciso ser corrupto para praticar a política, para ser tolerança, saber ouvir, para incluir".
Então, "o Abílio misturou 'alho com bugalhos', porque você pode sentar na mesma mesa com determinadas figuras das quais você não concorda. Isso é político. Aceitar determinados apoios, de determinados atores sociais que você não concorda integralmente, isso é a política, é saber conciliar: Nós não somos iguais, mas nós temos que ir pro mesmo caminho (sic)", argumentou.