RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO
O ex-ministro da Agricultura do governo Dilma Rousseff (PT) e, atualmente, deputado federal, Neri Geller (PP), foi citado em ligações telefônicas que tratam sobre supostos pagamentos de propina, no valor de R$ 6,5 milhões, do grupo J&F, dona da JBS (Friboi), para ex-presidente Dilma e o PT.
O Jornal da Record divulgou no, último mês, trecho de interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, no âmbito da Operação Capitu, que indicam a suspeita dos pagamentos. De acordo com a reportagem, a Polícia Federal investiga se os valores mencionados nas conversas eram propina da J&F em troca de favores do governo.
Os diálogos ocorreram um mês após o segundo turno da eleição que levou Dilma para o segundo mandato de presidente.
Neri Geller é citado em duas ligações. A primeira foi entre Ricardo Saud, executivo da J&F, e Edinho Silva, então coordenador financeiro da campanha da ex-presidente. Na conversa, Edinho pede para Ricardo procurar Manoel Sobrinho, apontado pela PF como braço direto de Edinho, para tratar sobre algumas mudanças.
Edinho: O Manoel vai te passar as orientações, certinho.
Ricardo: Ah, eu já sei então, ele falou que tá tudo certo?
Edinho: Não, mas aquele que o Manoel passou é, tem uma mudança, é …
Ricardo: Eu sei da mudança, então tá bom, eu vou ligar para ele agora.
Edinho: É, é uma mudança e o negócio lá de Mato Grosso, você conversa com o Neri, tá?
Ricardo: Do Mato Grosso? Ah, é? Liga pra ele?
Edinho: É.
O ex-ministro também é citado na ligação entre Manoel e Ricardo. O braço direito de Edinho confirma para Ricardo que “meio” continua para Mato Grosso.
Manoel: Na verdade, eu tinha te falado que era uma de Minas, não é. É um e meio.
Ricardo: Ah tá. E o meio do Mato Grosso continua?
Manoel: Isso.
Conforme a reportagem, a Polícia Federal investiga a origem do dinheiro e como e para que foi utilizado e se foi declarado como doação de campanha eleitoral. Ao Jornal da Record Neri Geller, Ricardo Saud, o PT, a ex-presidente Dilma Rousseff, Edinho Silva, Manoel Sobrinho não se manifestaram. A equipe não conseguiu contato com a defesa de Joesley Batista.
Operação Capitu
Neri Geller foi preso em novembro do ano passado pela Polícia Federal após a deflagração da Operação Capitu, desdobramento da Operação Lava Jato. A ação investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura entre 2014 e 2015. Segundo investigações, Geller teria recebido R$ 250 mil de propina para beneficiar o grupo J&F no período em que esteve na pasta.