SÍLVIA DEVAUX
DA REDAÇÃO
O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande negou que as empresas que o integram sejam desonestas, conforme últimas declarações feitas pelo governador Mauro Mendes (DEM).
No dia 21 de dezembro, o chefe do executivo estadual anunciou a decisão de desistir do VLT e optar pela construção do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), movido à eletricidade.
Na nota, divulgada nessa terça-feira (29), o Consórcio afirma que não foi notificado dos termos de qualquer decisão judicial sobre o assunto, e destacou que “as declarações do Sr. Governador de que as empresas que o integram sejam inidôneas – o que não corresponde à verdade”.
As empresas CR Almeida, CAF Brasil Indústria, Santa Bárbara Construções, Magna Engenharia e Astep Engenharia integram o Consórcio.
Mauro defendeu sua decisão como um “importante passo para acabar com o pesadelo da roubalheira e da incompetência”. Ele ainda culpou as empresas pela paralisação da obra que deveria ser entregue para a Copa do Mundo em 2014 na Capital mato-grossense.
Operação da PF
No ano de 2017, o então governador Pedro Taques (Solidariedade) rompeu o contrato com o Consórcio VLT alegando envolvimento do Consórcio em esquema de pagamento de vantagens ilícitas e descumprimento parcial do acordo.
Isso, depois que a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Descarrilho para investigar fraudes no procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais na escolha do modal.
Ainda no governo de Taques, um estudo contratado da empresa KPMG mostrou que os problemas na construção eram 68% culpa do contratante do modal, ou seja, da gestão Silval Barbos, e 43% do contratado, que é o consórcio construtor.
Em delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa (sem partido) afirmou que recebeu R$ 18 milhões de propina do Consórcio VLT.
No depoimento, Silval disse que após a homologação da licitação, pediu para o então secretário da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), Maurício Guimarães, conversar com os representantes do consórcio para negociar a propina.
"Eu tinha a intenção de usar tais recursos para quitar uma dívida oriunda de um empréstimo [no valor de R$ 29,5 milhões] que havia sido contraído perante o Banco Rural, por intermédio da empresa Todeschini Construções e Terraplanagem Ltda, representada por João Carlos Simoni".
Conforme o ex-governador, o empréstimo havia sido contraído para quitar uma dívida da campanha de 2010. Silval contou que Maurício Guimarães conversou com o então diretor da CR Almeida e, nessa reunião, ficou definido o percentual de 3% sob o valor de R$ 600 milhões do contrato, ou seja, R$ 18 milhões em propina.
Veja nota na íntegra
Veja na íntegra a nota do Consórcio VLT
O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande vem acompanhando, via imprensa, declarações emitidas pelo governo do Estado acerca do VLT e do contrato de implantação do modal. O Consórcio registra que ainda não foi citado da existência de qualquer nova ação judicial e tampouco notificado dos termos de qualquer decisão judicial sobre o assunto, muito embora refute desde logo as declarações do Sr. Governador de que as empresas que o integram sejam inidôneas – o que não corresponde à verdade.
É importante também registrar que problemas relativos a responsabilidades contratuais são objeto de discussão perante a Justiça Federal de Mato Grosso, em múltiplos processos, que seguem em tramitação. Nesses processos, o Consórcio VLT expôs dados, fatos, relatórios de auditoria, prestou depoimentos que evidenciam que os atrasos e posterior interrupção das obras não foram ocasionados por ele, bem como se manteve à disposição para a construção de um acordo capaz de viabilizar a finalização e entrega do VLT para uso da população.