SÍLVIA DEVAUX
DA REDAÇÃO
As pesquisas eleitorais para prefeito em Cuiabá e Várzea Grande registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm custos que variam em até 754%. Para o analista político João Edisom, os eleitores devem ficar atentos e procurar saber mais sobre os preços desses levantamentos de intenção de votos, porque valores muito baixos podem indicar fraude. As eleições ocorrem neste domingo (15) para escolha de prefeito, vereador e uma vaga para o Senado.
Na Capital, a pesquisa mais barata foi registrada por R$ 5 mil, enquanto a mais cara, por R$ 42,7 mil. Em Várzea Grande, os preços vão de R$ 3 mil a R$ 16 mil.
“Pesquisa não é enquete. Ela exige método, exige técnica, exige trabalho humano. Então, ela tem um custo mínimo, não tem como ela ficar abaixo desse custo mínimo”, disse Edisom. “Qual a responsabilidade jurídica de uma pessoa que não tem capital em fazer uma pesquisa que vai influenciar a população lá na frente?”, questionou.
O analista considera que uma pesquisa confiável em Cuiabá custaria pelo menos R$ 20 mil. Na cidade vizinha, o mínimo seria de R$ 15 mil.
“Uma survey, por exemplo, pesquisa de campo. Tenho visto pesquisa de campo, coleta, que o valor que eles colocam não pagaria o funcionário que vai lá, que precisa de transporte, de hotel. Então, existe um absurdo. Eu tenho classificado os institutos pelo valor da pesquisa mesmo”, declarou.
Ele explica que o mais importante na pesquisa é o chamado mapa amostral - saber proporcionalmente quantos eleitores têm em cada região, e determinar a proporcionalidade igual a todas. Após essa coleta, vem a parte de analisar os dados, função para a qual é preciso um especialista.
Para o especialista, a Justiça deveria ter penas mais duras para esse crime e também determinar que os partidos políticos só pudessem fazer pesquisas internas, para saberem os pontos fracos, e não usarem para fazer publicidade.
“No dia que fizer isso, corta-se 90% dessas pesquisas (....) É um crime sem tamanho que poderia ser combatido, mas que não estamos combatendo”, declarou Edisom.
Investigação
No dia 9 de novembro, o procurador eleitoral Erich Raphael Masson instaurou um procedimento preparatório para apurar supostas irregularidades praticadas por institutos de pesquisas em Mato Grosso que estariam pagando por esses levantamentos com recursos próprios. A medida foi publicada no Diário Oficial do Ministério Público Federal.
Não há ilegalidade em pagar uma pesquisa com recursos próprios, mas a medida foi tomada depois que a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa apontou indícios de irregularidades porque a quantidade de levantamentos feitos dessa forma está bem superior à média dos demais anos.
Em geral, as pesquisas costumam ser contratadas por veículos de comunicação, comitês de partidos e outros órgãos com interesse direto no pleito. Os institutos, quando informam que as pesquisas foram feitas sem contratante externo, ou seja, por conta própria, acabam não precisando prestar contas sobre a origem da verba.
O #reportermt tentou saber da Justiça Eleitoral quantas pesquisas foram consideradas irregulares nas eleições deste ano, mas a instituição informou que não há dados consolidados sobre o tema.