FELIPE LEONEL
SÍLVIA DEVAUX
Os deputados estaduais ficaram irritados com a declaração do governador Mauro Mendes (DEM) de que a Assembleia Legislativa fez uma “presepada” ao isentar servidores inativos com aposentadoria até o teto do INSS de contribuir com a previdência. A constitucionalidade da lei está sendo analisada pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
“A Assembleia faz cada uma. Hoje, por exemplo, fizeram uma presepada. Fizeram sem poder fazer”, afirmou o governador sobre a aprovação da lei, na última segunda-feira (14), durante evento no Palácio Paiaguás.
A deputada Janaina classificou declaração como um “vulgar” e reclamou do uso da palavra para se referir a um Poder.
Ela reconheceu ainda um conflito com a constitucionalidade, mas acha justa a isenção de servidores aposentados que recebem até R$ 6.101. Os deputados pediram uma contraproposta por parte do governo, o que não ocorreu.
“Se for uma presepada, foi a presepada mais justa que eu fiz na minha vida. Eu acho que tem que tomar cuidado, ter mais cautela com as palavras que usa, que ofende. Para mim, não me ofende, que essa carapuça não me serviu, mas eu vi que alguns colegas se sentiram ofendidos com a expressão que ele usou”, disse a deputada.
O presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho (DEM), tentou colocar ‘panos quentes’ na situação e afirmou ser parte do trabalho diário dos parlamentares e do governador do Estado. Ainda segundo ele, a Assembleia procurou de todas as formas negociar com o Governo, mas não conseguiu.
“Não causa nada, isso faz parte do trabalho diário, às vezes você está um pouco nervoso, fala uma coisa, mas faz parte, não causa estranheza nenhum”.
O deputado Valdir Barranco (PT) usou a tribuna para criticar o governador e que na Assembleia não faz nada sem obedecer aos preceitos legais. Ele ainda cobrou o pagamento das emendas impositivas e que quando cobra as emendas é chamado no Palácio Paiaguás para “negociar”.
“O governador tripudia contra a Assembleia e ninguém fala nada. O mínimo há que se cobrar dele que se retratasse publicamente pelo desrespeito que ele fez com esses 24 deputados e parece que nada aconteceu. Que ele não fez nada, que ele não falou nada”, declarou Barranco.
Já o deputado Lúdio Cabral (PT) disse que o governador fez uma maldade ao ‘confiscar’ 14% da renda dos aposentados para arrecadar R$ 300 milhões para ‘gastar como quiser’, mesmo tendo aumentado a arrecadação em R$ 3 bilhões.
“Presepada quem fez foi o governador com os aposentados e pensionistas do Estado ao confiscar 14% dos seus ganhos. 35 mil trabalhadores que contribuíram religiosamente todos os meses”, afirmou.