KAROLLEN NADESKA
DA REDAÇÃO
O desembargador Marcos Henrique Machado, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) pediu ao juiz Marcos Faleiros, da Décima Primeira Vara Criminal da Capital, o compartilhamento do conteúdo de mídia onde consta o depoimento do cabo da Polícia Militar Gerson Luiz Correa, acusado de integrar uma organização criminosa que agiu em diversas interceptações telefônicas ilegais no Estado.
O pedido ocorre depois do último depoimento do cabo, realizado no dia 17 de julho.
Segundo o PM, nesta mídia constam detalhes e provas que garantem que o desembargador foi espionado quando manteve contato por telefone com o ex-governador Silval Barbosa (ex-MDB), em 2015.
Na época, Silval estava grampeado ilegal por meio da técnica de barriga de aluguel (que é quando uma ligação é interceptada sem autorização da Justiça). A técnica teria sido executada a mando do ex-governador Pedro Taques (PSDB) e seu primo Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, no caso que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.
No depoimento, o cabo afirmou que a conversa foi “vazada” pelo Ministério Público Estadual a TV Centro América, afilada da TV Globo.
Silval, segundo o desembargador, teria tentado solicitar ajuda para conceder a liberdade à sua esposa, Roseli Barbosa. A ex-primeira-dama foi presa preventivamente na ocasião por conta da Operação Arqueiro, que investigou um suposto desvio milionário na Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social, ao qual Roseli foi secretária.
A conversa interceptada rendeu novos fatos. Conforme consta, à época, Machado chegou a afirmar que ingressaria com uma ação de danos morais contra a juíza Selma Rosana Arruda, por ter autorizado a interceptação.
O magistrado teria solicitado o acesso ao depoimento do cabo para justamente confrontar a prática ilegal de interceptação.
O cabo Gerson é réu na ação penal que investiga a prática de grampos, mediante um esquema criminoso que, supostamente, agia a mando do ex-governador Pedro Taques. Gerson e os coronéis da PM Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco chegaram a ser presos, mas conseguiram autorização para responder o processo em liberdade.