SÍLVIA DEVAUX
DA REDAÇÃO
O especialista em estratégia geopolítica Luiz Antonio Peixoto Valle prevê com a "confirmação da eleição de Joe Biden nos Estados Unidos", no próximo dia 14 de dezembro, que o Brasil, "por ter um presidente nacionalista, que é o [Jair] Bolsonaro, vai ter um relacionamento muito mais difícil com que teria com o [Donald] Trump". Esse relacionamento pode inflenciar o desenvolvimento do agronegócio. Essa é a grande preocupação de Mato Grosso, já que o Estado é campeão mundial de produção e pode ter a questão do meio ambiente usada como complicador.
A análise do professor Luiz Antonio é voltada principalmente à política ambiental brasileira, ao risco do novo presidente dos EUA "não respeitar a soberania do governo Brasil sobre a Amazônia", já que durante campanha Joe Biden declarou que iria impor sanções caso o Brasil não parasse de destruir a floresta.
"O nosso país tem que ter a visão que se o Biden for confirmado no dia 14, o Brasil vai ter um relacionamento pragmático com ele, diplomático, para assim evitar esse atrito", observou o especialista ao lembrar que, além do agronegócio brasileiro, se existir essa dificuldade vai interferir em toda a economia do país.
Por outro aspecto, o analista ainda falou da preocupação de o próximo presidente aplicar uma "agenda globalista" com um modelo ambiental que confronte com os países que estão em crescimento, que é o caso do Brasil. "A questão ambiental é utilizada para deter o crescimento econômico. O agronegócio é uma bandeira típica disso. Onde o modelo ambiental acaba sendo usado para deter o crescimento do agronegócio".
O analista político Onofre Ribeiro acredita que esse relacionamento depende mais do governo brasileiro e "quanto mais cedo o presidente Bolsonaro reconhecer a vitória de Joe Biden, mas cedo irá começar o processo de relacionamento com o Brasil". Essa nova relação comercial e política com o Brasil vai depender da visão do Biden sobre o país.
Onofre reforçou que essa demora do presidente Bolsonaro em aceitar a eleição e reconhecer que mudou o governo americano, que a Era Trump acabou, não é bom para o Brasil. "Biden pode considerar uma rebeldia da parte do governo brasileiro e pensar que o Brasil não é um parceiro, o que fecharia as portas para um futuro relacionamento diplomático".
Fora isso, ele aposta na diplomacia que ainda está num processo de construção, apesar das ameaças ao Brasil por questões políticas, porque o interesse comercial conta muito mais que a ideológica e que o Brasil não é um pais para ser ignorado. “O que está em jogo aí é a construção da política nova do governo do Brasil com a política nova do Biden”, concluiu.