RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO
Em defesa da proposta do governo que regulamenta as atividades pesqueiras no Estado, que popularmente ficou conhecida como Cota Zero, o governador Mauro Mendes (DEM) classificou como ridícula a visitação turística do Pantanal Mato-grossense, perto do que a região poderia ter se tivesse mais peixes.
O projeto causou bastante polêmica em 2019, a previsão era de que fosse aprovado em dezembro, no entanto, devido à falta de estudos e acúmulo de pautas na Assembleia Legislativa, a votação ficou para 2020.
Em conversas com jornalistas sobre o balanço de sua gestão, o governador Mauro Mendes argumentou o projeto propõe a suspensão de transporte e comercialização de peixes nativos por cinco anos, no entanto, explica que isso não proíbe a população de pescar na beira do rio.
"Não estamos proibindo que ninguém vá à beira do rio e pesque, inclusive o ribeirinho pode comer o peixe na beira do rio. Inclusive o cidadão que for acampar na beira do rio pescar, pode comer. O que nós estamos proibindo é o transporte de pesca e a comercialização", reiterou.
Segundo o governador, há estudos que demostram que 90% do peixe que é consumido no Estado é oriundo da piscicultura comercial.
Ele ainda destacou que o projeto fomentará o turismo em Mato Grosso. O governador citou dados da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), que mostram que cerca de 100 mil brasileiros vão à Argentina para pescar.
"O turismo, todo mundo sabe, aqui que é a grande indústria nesse novo século. Muita gente aposentando, muita gente querendo andar o mundo, muita gente querendo conhecer coisas exóticas, diferentes. Nós temos um Pantanal, aqui, com grande potencial e é ridícula a quantidade de gente que nós recebemos aqui em termo de turista", comentou.
"Ouço muitos dizerem que 'eu fui pescar e não peguei nada', quem já não ouviu essa frase? 'Fui pescar e não peguei nada'.Então nós queremos o quê? Deixar acabar tudo. Precisamos tomar providência enquanto há tempo, enquanto tem um pouco de peixe para tomar essa providência e ativar essa cadeia do turismo tão gigantesca para gerar empregos", reforçou.
Ele disse que o governo está disposto a fazer alterações no projeto, mas reforçou que a medida precisa ser implementada no Estado, para preservação dos peixes e fomentação do turismo.
"Então, é uma medida que, claro, causa polêmica. Mas, meus amigos, ninguém faz omelete sem quebrar ovos. Então tem que ter coragem de saber que nós temos um grande potencial que é o nosso Pantanal, mas que sem peixe ele perde enormemente o valor comercial que ele pode ter", declarou.
Estudos
A proposta tem deixado pescadores amadores e pequenos empresários preocupados devido ao impacto social e o colapso financeiro que o projeto pode causar no setor, caso seja aprovada. Por isso, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (DEM) adiou, em dezembro, a votação do projeto e encomendou estudos técnicos sobre o impacto socioeconômico que poderia ser causado.
“A maioria dos deputados, alguns não acham que é o suficiente, outros entendem que é preciso ter dados técnicos, estudos do rio, o que isso vai produzir e esses estudos técnicos não têm. Então agora nós vamos contratar, vamos pegar uma empresa com biólogos, com pessoas especializadas em peixe para fazer um estudo realmente técnico e apresentar aos deputados e eles decidem se vai aprovar ou não”, disse durante entrevista à imprensa, na época.