31 de Dezembro de 2019, 08h:00 - A | A

Repórter MT / ANÁLISE POLÍTICA

Mauro pode enfrentar greves e pressão de prefeitos em 2020

Apesar das tensões, os analistas acreditam que no próximo, ano o governador consiga realizar novos investimentos no Estado

RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO



Após um ano de adoção de duras medidas administrativas, para o reequilíbrio da máquina pública do Estado, o governador Mauro Mendes (DEM) pode enfrentar novos momentos de “tensão” com os servidores públicos e também com prefeitos, em 2020. Essa é a avaliação para o segundo ano de gestão do democrata, feita pelos analistas políticos, João Edisom de Souza e Onofre Ribeiro.

Ao #reportermt, o professor e cientista político, João Edisom de Souza disse que acredita que o governador pode travar, em 2020, uma “guerra” com os servidores públicos e enfrentar períodos de greve. O embate deve girar em torno dos reajustes salariais, aprovados em gestões anteriores e o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA).

“Acredito que ano que vem não terá atrasos na questão de pagamento de funcionários públicos, isso já é um fator importante, e começa sobrar alguma coisa em investimentos. Por outro lado, o vício interno da máquina pública é tão grande quando vê sobrar alguns centavos quer tornar em salários, em ganho. Então, ele deve enfrentar mais greves no ano de 2020 do que enfrentou agora”, avaliou.

“Por outro lado, a sociedade já está contra o funcionalismo por esta questão, por este embate. Se tem um centavo lá eles entram na briga porque tem que aumentar alguma coisa. Tem o embate da RGA [Revisão Geral Anual] que vai ser uma guerra. Ele conseguiu vencer essa briga nesse ano, mas vai vencer ano que vem? Vai ser um problema sério esse povo vai entrar ano que vem com a faca nos dentes”, acrescentou.

O jornalista e analista político, Onofre Ribeiro crê que os servidores não entrarão no embate contra o governador, por conhecer o perfil dele e por entender que a sociedade é contra a paralisação dos serviços públicos.

“Ele [Mauro] não chegou a ter conflito com os funcionários públicos. Houve conflito só com os professores e ele não cedeu. Essa é a característica dele: não ceder hora nenhuma. Mas, os funcionários, sabendo disso, não vão para o confronto, porque sabem que não adianta. A sociedade sabe que há uma crise de gastos excessivos no Estado e que isso precisa mudar. Isso está claro. Se está claro na cabeça das pessoas acaba diminuindo o poder do funcionalismo público de exercer o seu poder de reivindicar”, disse.

 Em 2019, Mauro Mendes enfrentou uma das greves histórias na área da Educação. Os servidores cruzaram os braços durante 74 dias em busca de reajuste salarial, concessão da RGA e outras reivindicações.

A paralisação encerrou após o governo comprometer em conceder o reajuste, caso consiga diminuir o teto de gastos com pessoal, conforme prevê o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 49%.

Faca no pescoço

Devido ao ano de eleição municipal, o professor João Edisom acredita que Mauro Mendes deve enfrentar uma pressão “violenta” dos prefeitos por repasses para realizar projetos, com objetivo de garantir reeleições.

Ele cita que nos períodos próximos aos pleitos, é comum que prefeitos migrem para o partido do governador e pressionem por dinheiro.

“Ele sofre uma pressão violenta dos prefeitos. Vai vir muita gritaria, principalmente da AMM [Associação Mato-grossense dos Municípios] contra o governador. Por prática partidária, os partidos vão aceitando todo mundo e isso é um grande erro. Vai ter prefeitos ao ponto de dar uma olha e dizer: ‘Agora a única forma de conseguir minha reeleição e melhorar a minha imagem é mudar para o partido do governador e pressionar o governador; colocar a faca no pescoço, para mandar alguma coisa para tentar garantir minha reeleição’”, comenta.

Investimentos

Apesar das pressões, os analistas acreditam que no próximo ano o governador consiga realizar novas obras. João Edisom destaca que o recurso da cessão onerosa do leilão do pré-sal, de aproximadamente R$ 332 milhões e outras verbas federais, serão essenciais para execução de novos investimentos.

Já Onofre, destaca que as medidas administrativas “antipáticas”, como o decreto de calamidade e não conceder a RGA, adotadas no início da gestão trouxeram um bom equilíbrio fiscal ao Estado que pode resultar em novos projetos para 2020.

Ele ainda frisa que a informatização e a simplificação da administração pública, lemas adotadas pelo governador no próximo ano, deve colaborar na realização de novos investimentos.

“O Pedro Taques quando ele mandou os funcionários discutirem RGA em 2016 e disse: ‘Não vou discutir com categoria, reunam-se e venham’ e aí nasceu o Fórum. E aí, o Fórum adquiriu uma força quase de um partido político e o Fórum criou um corporativismo muito forte. O Mauro está desmontando esse corporativismo e no ano que vem, com a digitalização e a simplificação burocrática, começa a diminuir a força do corporativismo público, por consequência diminui as despesas, por consequência sobra dinheiro pra investimentos”, avalia.

 

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