RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
A delação premiada do ex-governador Silval Barbosa gerou mais de 2.500 páginas divididas em 10 volumes de investigação. A informação é do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Raul Araújo, relator do caso.
A quantidade de informação dividida em 10 volumes leva a crer que novos fatos possam ter sido descobertos e que brevemente a Polícia Federal possa deflagrar novas operações em Mato Grosso para prender bandidos do ‘alto escalão’.
A afirmação do ministro ocorreu como uma forma de justificar que as investigações estão em andamento. Vale ressaltar que o primeiro ato da Justiça após a delação de Silval foi a deflagração da Operação Malebolge pela Polícia Federal – que resultou no afastamento de 5 conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) - o processo segue em análise no STJ.
“A decisão monocrática que deferiu as medidas cautelares, foi proferida em 31 de agosto de 2017. São decorridos, portanto, quase dois anos, desde a sua decretação. Nesse período, a investigação prosseguiu. Os autos, que, a época, tinham 121 páginas, acondicionadas em um único volume, hoje tem dez volumes e mais de 2.500 páginas”, diz trecho.
De acordo com Silval, os conselheiros cobraram propina de R$ 53 milhões para dar prosseguimento nas obras da Copa do Mundo de 2014 – que teve Cuiabá como uma das sedes.
O argumento de que a investigação está parada foi usado pela defesa do conselheiro afastado Valter Albano da Silva na impetração de um Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). O HC foi negado pela ministra Cármem Lúcia na quarta-feira (16), que usou a manifestação de Raul Araújo para justificar a demora e avanço das investigações.
“O processo está com o relator no Superior Tribunal de Justiça apenas a partir de 26.8.2019 e, conforme o informado por ele, os agravos regimentais serão levados a julgamento pelo Órgão Especial do Superior Tribunal de Justiça oportunamente. Trata-se de procedimento envolvendo múltiplos investigados com advogados diferentes e no qual são investigados complexos crimes contra a administração pública em tese praticados no Tribunal de Contas de Mato Grosso”, disse Cármem, ao negar o recurso de Valter Albano.
Operação Malebolge
Em 14 de setembro de 2017 a PF cumpriu 65 mandados de busca e apreensão em MT, além do afastamento dos conselheiros José Carlos Novelli, Waldir Júlio Teis, Antônio Joaquim Moraes Rodrigues Neto, Walter Albano da Silva e Sérgio Ricardo de Almeida. – após a delação de Silval.
O material apreendido deve ter ‘engordado’ as informações da investigação. O inquérito judicial investiga prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, gestão fraudulenta de instituição financeira, crimes contra a ordem tributária. Apura ainda a prática de obstrução de investigação criminal, que consistiu em pagar colaborador para mudar versão de depoimentos e pagar investigado para não celebrar acordo de colaboração. Dentre os investigados estão deputados estaduais, empresários e conselheiros do Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE-MT).