CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi (Progressistas) afirmou que a desmoralização da política, provocada principalmente por movimentos internacionais, foi a razão pela qual optou por deixar de concorrer nas eleições e o levou a focar seus esforços na empresa da família, a Amaggi.
Maggi foi governador de Mato Grosso por dois mandatos e deixou o cargo em 2010 para disputar o Senado, onde ficou até 2016, quando assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Desde 2018, quando não concorreu às eleições, ele se considera aposentado da política.
Quem faz política, faz política, e quem é empresário faz a área empresarial. E essa junção de quem fazia isso, como eu… Comecei a ficar muito prensado nesse assunto
Contudo, segundo ele, desde 2011, com movimentos como a Primavera Árabe, aumentou a pressão da sociedade sobre a classe política, que passou a ser mal vista por determinados segmentos. Isso, consequentemente, acabou afetando os negócios da família.
“Esse movimento da política mal vista e da pressão da sociedade sobre os políticos criou um ambiente muito desfavorável entre áreas empresariais e áreas políticas. Praticamente foram se separando. Quem faz política, faz política, e quem é empresário faz a área empresarial. E essa junção de quem fazia isso, como eu… Comecei a ficar muito prensado nesse assunto”, contou à imprensa.
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Blairo lembrou que a Amaggi é uma empresa de trading, com financiamento de bancos internacionais. Dessa forma, a companhia passou a ser cobrada em relação a sua presença no rol de sócios.
“Eles começaram a dizer o seguinte: ‘Perai, você tem um acionista que tem risco de imagem’. E não é só para o Blairo, é para minha família inteira e todos os empresários do Brasil. Então eu tive que tomar uma decisão entre fazer política ou fazer com que essa empresa cresça”, explicou.
Infelizmente é isso que tem afastado muita gente da política. O cidadão faz qualquer denúncia, você é execrado
O ex-ministro também ressaltou a instituição das delações premiadas no Brasil, ponderando que, apesar dos políticos investigados terem o direito de se defender, algumas acusações são feitas de forma leviana, sendo que, com o passar dos anos, as instituições vão posicionando a falta de provas.
Blairo, por exemplo, foi citado em diversas delações realizadas no âmbito da Operação Ararath, que apura crimes financeiros e contra a administração pública em Mato Grosso. Uma dessas delações foi a de seu vice e sucessor, o ex-governador Silval Barbosa.
“É muito disse me disse e, infelizmente, é isso que tem afastado muita gente da política. O cidadão faz qualquer denúncia, você é execrado através da mídia, e aquilo vai criando um ambiente muito desfavorável. Eu tenho certeza da minha lisura de quando passei pelo Governo de Mato Grosso e o tempo vai mostrar que não havia nenhuma coisa que pudesse me incriminar dentro das coisas que foram ditas”, finalizou.