CAMILLA ZENI
SÍLVIA DEVAUX
Deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) se manifestaram contrários a trecho da Proposta de Emenda Constitucional 125/11, que coloca novas regras para as eleições, dentre elas o chamado “distritão”.
Na prática, o trecho trata de um novo sistema eleitoral, que passa a ser de eleição majoritária para os cargos de deputados federais e estaduais. Nesse caso, serão eleitos os que estiverem mais votados, sem considerar os votos dos partidos políticos, como acontece atualmente no sistema proporcional.
A PEC foi aprovada por maioria dos votos na comissão especial da Câmara dos Deputados na terça-feira (10) e, caso seja aprovada no plenário e no Senado até outubro, poderá valer já para as eleições de 2022.
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Um do deputado que seria diretamente afetado por essa mudança, caso a eleição de 2018 já estivesse com o novo modelo, seria Wilson Santos (PSDB), que afirmou ser à favor da construção partidária. Isso porque, com a eleição dos mais votados, os partidos políticos tendem a perder suas forças.
“Favorece celebridades que nem sempre têm um bom desempenho. Vide aí Clodovil, Tiririca e companhia ilimitada, que têm uma visibilidade enorme, acabam usando essa visibilidade para auferir uma montanha de votos e a produtividade é baixíssima”, criticou o tucano.
“Eu sou a favor da construção de partido. Dante morreu, dr. Ulysses morreu, Tancredo morreu, e os partidos continuam. E como ficam os pequenos partidos decentes? Um PCdoB que nasceu em março de 1922, que tem ideologia, estrutura e é orgânico, vai desaparecer? Um PV vai desaparecer?”, questionou.
Para Wilson, se o objetivo for a implantação do distritão, o ideal seria começar pelo modelo misto, no qual metade das cadeiras são preenchidas pelos políticos mais votados e outra metade pelos que entram como proporcionais, pelos partidos.
O primeiro secretário da ALMT, deputado Eduardo Botelho (DEM), também avalia que a proposta do distritão vai enfraquecer as siglas e favorecer quem gastar mais dinheiro na campanha.
“O distritão é ruim, porque ele enfraquece os partidos. Na medida em que você vai escolher simplesmente os mais votados, você enfraquece os partidos. Favorece quem tem mais dinheiro, mais nome, mais estrutura. Por isso acho que não é bom”, criticou o parlamentar.
O deputado Lúdio Cabral (PT) compartilha do pensamento e acrescenta que o modelo aprovado na comissão faz as regras eleitorais retrocederem. “É um atraso sem precedentes, porque acaba com a lógica do programa partidário”, colocou.
“A pessoa que disputa eleição é a pessoa que se elege, independente do que ele defende ou não. Então, essa proposta é ruim e eu espero que o plenário da Câmara e depois o Senado derrotem essa proposta”, completou.
Ainda não há prazo para o projeto ser apreciado no plenário da Câmara.