DAFFINY DELGADO
DA REDAÇÃO
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, negou na manhã desta sexta-feira (24), que foi utilizado recurso público para custear as manifestações de 7 de setembro, em Brasília, a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A afirmação foi feita durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia Fiscal da Assembleia Legislativa. Ele foi chamado para depor após ser alvo de denúncia de malversação dos recursos repassados à entidade pelo Governo do Estado, recolhidos de produtores junto Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab).
Galvan disse que passou a ser investigado após ser visto ao lado do cantor Sérgio Reis, que por meio de um vídeo convocou uma “rebelião” no país contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, ele afirmou que a Aprosoja Mato Grosso nunca recebeu recursos públicos do Governo estadual, por meio do Fethab.
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"Não existem recursos da Aprosoja nessas manifestações. Os recursos são poucos. Cada um bancou a sua ida. Eu deixei isso claro. Agora me incluíram nisso [investigação] por conta de uma fala do cantor Sérgio Reis. Como é que eu ia impedir que um artista como Sérgio Reis fosse na Aprosoja?", disse.
“Do meu conhecimento, nunca tivemos recursos públicos do estado de Mato Grosso dentro da nossa instituição, inclusive com declarações das entidades competentes, como da PGE. Todos os recursos que vão para nossas entidades são privados. Então, não há de se falar dentro da CPI sobre recursos públicos. PGE entendeu que todos os recursos, não só da Aprosoja, são privados”, completou.
Entretanto, no período de 2019 a 2021, a Aprosoja recebeu R$ 138 milhões do Governo do Estado via Fethab. Desde 2008, o valor total é de R$ 421 milhões. O dinheiro é resultado de um convênio para fortalecer o Instituto Mato-grossense do Agronegócio (Igro), conforme lei estadual criada em 2019.
Filho denunciou
Ao ser questionado sobre as acusações feitas pelo filho do produtor, Rafael Galvan, no grupo de WhatsApp do condomínio que moram, Galvan negou e disse que só responderá sobre a acusação quando houver denúncia formal.
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Na conversa divulgada, Rafael falou sobre suposto favorecimento a atual esposa de Galvan, Paula Boaventura, com contrato milionário na Aprosoja.
Mordomias na Aprosoja
Ele foi questionado sobre o financiamento feito pela entidade a “passeios turísticos de grandes grupos de produtores" para destinos internacionais e cidades litorâneas. Para Galvan, os cortes feitos resultaram na recomendação pela reprovação das suas contas por parte do Conselho Fiscal.
“Improcedente totalmente essa denúncia. Justamente sou criticado por ter cortado essas viagens que eram feitas nas gestões anteriores. No primeiro ano da minha gestão economizei R$ 8 milhões, justamente cortando isso também”, disse.
“E é a dorzinha e cotovelo desse Conselho Fiscal, que tinha essa mordomia, e eu cortei. O Conselho Fiscal, na última gestão, por conta das mudanças que eu fiz na Aprosoja, recomendou a reprovação. Mas a assembleia, que é soberana, de forma unânime aprovou as contas”, completou.